Policiais do Departamento de Homicídios e Proteção è Pessoa (DHPP) adotaram neste sábado (18) uma nova linha de investigação no caso do assassinato a facadas do casal de idosos em Perdizes, Zona Oeste de São Paulo, ocorrido na sexta-feira (17). Um dos filhos das vítimas, o funcionário público Rogério Gonçalves Tavares, de 42 anos, que chegou a ser tratado como suspeito por um delegado do 23º Distrito Policial logo após o crime, agora é considerado vítima.

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O policial teria levado em conta a informação de que soldados da Polícia Militar tiveram de arrombar a porta para entrar na casa para colocar o filho no rol de suspeitos do duplo homicídio. Além disso, em um primeiro momento, os PMs não teriam encontrado sinais de invasão nem de sangue na residência.

E a pressa em apresentar suspeitos para o crime teve uma consequência: a casa na Rua Cayowaá, onde Sebastião Esteves Tavares, 71 anos, e Hilda Gonçalves, 68, foram mortos a facadas, amanheceu neste sábado pichada com a palavra assassino, em referência ao filho do casal.

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A nova linha de investigação foi adotada após os delegados do DHPP José Venceprova, Rodolfo Chiarelli e Leandro Árabe encontrarem, na sexta-feira à tarde, manchas de sangue na casa ao lado, além de pegadas na parte de dentro da residência onde ocorreu o crime até o muro, o que pode indicar que uma quinta pessoa esteve no local e depois fugiu. Os policiais ainda procuram a arma do crime.

Uma equipe de policias do DHPP, comandada pelo delegado Venceprova, está desde o início da manhã deste sábado na casa na Rua Cayowaá. Os policiais estão colhendo mais provas e ouvindo moradores das redondezas.

Os delegados Venceprova, Chiarelli e Árabe disseram na tarde de sexta-feira que era totalmente prematuro apontar um suspeito para o crime, mas que não descartavam nenhuma hipótese. Venceprova e Chiarelli evitaram usar a palavra "suspeito" para o funcionário público. Mas anteriormente, outros policiais ligados à investigação disseram que havia fortes indícios de envolvimento de Rogério no crime.

Em depoimento na tarde de sexta-feira à polícia, na UTI do Hospital São Camilo, Rogério disse à polícia que viu um homem encapuzado na casa e depois o pai agonizando e reiterou que os pais foram vítimas de assalto.

Cinco pessoas prestaram depoimento oficialmente à polícia sobre o crime na noite de sexta-feira na sede do DHPP, no Centro de São Paulo: dois vizinhos da família, um vigia de um condomínio ao lado da casa onde o crime ocorreu, além de dois policiais militares que atenderam a ocorrência.

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Venceprova afirmou que os interrogatórios ainda não levam a polícia a nenhuma conclusão, pois as pessoas convocadas não teriam conseguido visualizar o agressor. O depoimento da avó de Rogério e mãe de Hilda, Isaura da Purificação, de 93 anos, que mora na residência e estava no local no momento do crime, está previsto para acontecer entre este sábado e domingo. Ela disse informalmente à polícia que viu uma pessoa encapuzada dentro da casa.

Crime

O assassinato do casal ocorreu entre 6h e 6h30. Uma testemunha teria estranhado o barulho na residência, e ligou para a polícia, que chegou ao local por volta das 7h. Seis carros da Polícia Militar atenderam a ocorrência. A perícia chegou ao local por volta das 10h. Os corpos foram retirados às 11h40.

De acordo com Pacheco, o jovem não teria facilitado a entrada dos policiais no local do crime. A casa precisou ser arrombada pelos PMs. Quando os policiais conseguiram entrar no local, o filho do casal estaria em estado de choque e falando informações desconexas. Ele foi encontrado com ferimentos na nuca. A avó de Rogério e mãe de Hilda, Isaura da Purificação, de 93 anos, foi encontrada no quarto dela.

Segundo a PM, Rogério teria saído para a rua, ensangüentado, pedindo ajuda e dizendo ter sido vítima de tentativa de assalto. De acordo com o primeiro-tenente da PM Fernando Pacheco, houve luta corporal dentro da casa.

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Rogério foi submetido a cirurgia de sutura na manhã de sexta. Ele teve um ferimento profundo, com 10 centímetros de extensão, na parte de trás do pescoço. Ele teve alta do hospital na manhã deste sábado e foi levado pelo irmão, Valter Gonçalves Tavares.

Os corpos de Sebastião e Hilda foram enterrados às 14h deste sábado no Cemitério Géthsemani, no Morumbi, Zona Sul da capital paulista.

Família católica

O casal assassinado era "discreto e bem-educado" e não reclamava de problemas em família, segundo relatos de vizinhos.

Sebastião e Hilda tinham uma família muito católica e freqüentavam a Igreja Nossa Senhora de Fátima, que fica na região. Sebastião pertencia ao Grupo Vicentino da paróquia, movimento que trabalha dando assistência a comunidades carentes.

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O fotógrafo Eduardo Santaliestra, de 62 anos, descreveu o casal como "discreto e bem-educado" e afirmou que todo dia após o jantar eles saíam para caminhar e conversavam com as pessoas pelo bairro. Os dois nunca reclamaram para o fotógrafo do relacionamento com os filhos. "Ela tinha sempre muito orgulho dos filhos. Não tinha nada excepcional", conta Eduardo.