O prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), fez uma reunião ontem com os vereadores de sua base para tentar resolver dois problemas antes da viagem que faz hoje, para Estocolmo, na Suécia. Por um lado, deixou claro que não vai interferir na eleição interna da Câmara Municipal para escolha da mesa diretora, que ocorre no próximo dia 16. Por outro, tentou garantir que sejam aprovados antes do fim do ano legislativo os projetos que aumentam a arrecadação do município por meio do reajuste de impostos.
Há seis possíveis candidatos para a presidência da Câmara; veja quem são
A reunião a portas fechadas no Hotel Mabu, no Centro da cidade, ocorreu um dia depois de um grupo de vereadores dissidentes ter interrompido a tramitação de dois projetos sobre impostos que tramitam na Câmara. Um deles atualiza a planta genérica que serve de base para a cobrança do IPTU, medida que na prática significa o reajuste do tributo. O outro aumenta a alíquota do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) de 2,4% para 2,9%.
Os projetos estavam tramitando nas comissões, mas foram retirados de pauta porque o vereador Valdemir Soares (PRB), um dos candidatos a presidente da Câmara, pediu vista às propostas. Com isso, ele precisa devolver os projetos na segunda-feira. Mas ontem Valdemir avisou que mais dois integrantes de seu grupo pretendem pedir vista como retaliação pelo que entendem ser uma ingerência do prefeito na eleição interna. Com isso, a prefeitura deverá pedir regime de urgência para votar os projetos.
Fruet negou ontem que esteja interferindo na eleição e disse apenas que deixou os vereadores de sua base à vontade para votarem como quisessem. Também se negou a escolher um dentre os candidatos que apareceram no grupo. Já são três: Pedro Paulo (PT), Tito Zeglin (PDT) e Aílton Araújo (PSC). Além deles, há três candidatos "dissidentes": Valdemir Soares, Zé Maria (SD) e Professor Galdino (PSDB). Sem a definição do prefeito, a reunião entre os vereadores da base foi tensa e não chegou a um candidato consensual.
Dissidentes
Para o grupo de dissidentes, que cogita unir as candidaturas de Zé Maria e Valdemir para enfrentar os vereadores mais próximos ao prefeito, ficou claro ontem que Fruet decidiu entrar na articulação da eleição e, com isso, a ideia deles de barrar a aprovação do aumento de impostos como meio de retaliar o prefeito ganhou força. "O prefeito não pode empurrar dois projetos desses em cima do fim do ano legislativo, descumprir a promessa de não interferir na eleição interna e achar que tudo vai passar sem discussão", disse Valdemir.
Fruet criticou ontem o grupo por lançar mão dessa estratégia e disse que deveria ser evidente que a eleição da presidência e a aprovação dos projetos são coisas separadas. "Deus está vendo", afirmou.