Diante da falta de consenso para votar seu relatório, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) concordou em incluir no texto o depoimento do ex-tesoureiro do PSDB Carlos Mourão, que admitiu que o empresário Valério pagou despesas da campanha à reeleição do tucano Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998. Mas vai incluir também os depoimentos do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares e do publicitário Duda Mendonça, que dão detalhes sobre o caixa dois do PT, identificando diretórios do partido beneficiados pelos recursos sacados das contas de Valério, como os do Pará, Distrito Federal, Minas, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, e pagamentos de campanha feitos no exterior. E advertiu:
- Se a questão é discutir caixa dois, vou incluir todos. Vale lembrar que o crime eleitoral cometido pelo senador Azeredo já está prescrito, já os cometidos em 2002 e 2004 não.
A CPI dos Correios foi obrigada a adiar para a quinta-feira da próxima semana a votação do relatório de Fruet sobre a movimentação financeira de Marcos Valério e suas empresas.
Irritado com a polêmica em torno de seu relatório, Fruet pretende propor ao relator geral da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que não sejam mais apresentadas conclusões parciais das investigações:
- Estou com a impressão que caí numa armadilha. Só querem discutir o que não foi incluído no texto. O meu relatório é apenas um capítulo do que estamos apurando, com base nos documentos que chegaram à CPI. Nós não recebemos até agora os dados sobre a movimentação de Marcos Valério relativa aos anos de 1998 até 2000.
A princípio, Fruet resistiu à idéia de inserir Azeredo, alegando que ainda não tinha recebido documentação relativa à movimentação financeira do empresário mineiro referente àquele período.
- Qual o elemento que temos para incluir esse empréstimo no relatório parcial? Sou favorável à investigação sobre a ligação de Marcos Valério com o senador Azeredo, mas não vou fazer isso apenas para dar uma satisfação ao PT. Pode soar como acordo - justificou o sub-relator na véspera.
A não inclusão de Azeredo no relatório provocou indignação nos parlamentares petistas. O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), também defendeu que fosse inserido o nome do senador tucano.
- Se houve essa omissão, vamos reparar o erro. Não existe relatório de sub-relator - afirma Serraglio.
Irritado com a briga, o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), reclamava ontem da falta de disposição dos integrantes da comissão para negociar.
- Precisamos apenas sentar e conversar. Nada é irreversível, basta dialogar. Isso aqui está parecendo um jardim da infância - reclamou Delcídio, admitindo que se não houver consenso a votação do relatório parcial poderá ser adiada para a próxima semana.
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