
Suspeito de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro para garantir a movimentação de recursos ilegais, o ex-diretor da Assembleia Legislativa do Paraná Abib Miguel, o Bibinho, deu a entender que, quando foi preso por envolvimento no caso Diários Secretos, “não entregou ninguém”. A fala consta de uma das gravações telefônicas que motivaram sua prisão em novembro do ano passado.
No áudio, interceptado pelo Ministério Público (MP) com autorização da Justiça e obtido pela Gazeta do Povo, Bibinho comenta com outra pessoa sobre o possível resultado das eleições de 2014 e a internação do doleiro Alberto Youssef, preso pela Operação Lava Jato. A conversa foi gravada em 26 de outubro, data do segundo turno e um dia após Youssef ter passado mal na carceragem da Polícia Federal em Curitiba e ter sido internado em um hospital da cidade.
Confira os áudios dos grampos telefônicos legais feitos pelo Gaeco
“Este cara é um canalha, porque quando ele ‘tava’ ganhando 10 bilhões de dólares, ganhando comissão, comprando avião, esparramando por aí junto com esses caras, ele nunca falou nada. Agora, para ele se livrar, ele é um mau-caráter. Aí eles lembraram de mim, aí eu disse: fui pra cadeia e não entreguei ninguém”, conta Bibinho, citando uma conversa que teve com amigos no local de votação.
A defesa de Bibinho disse que não vai se manifestar sobre a gravação porque não teve acesso aos áudios.
O caso
Bibinho foi preso em novembro, quando recebia cerca de R$ 70 mil em uma mala no Aeroporto de Brasília. A prisão fez parte da operação “Argonauta”, desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) , que apontou que, mesmo oficialmente afastado de atividades profissionais, o ex-diretor continuava movimentando recursos e havia montado uma rede de empresas em nome de outras pessoas.
A prisão foi motivada pelas escutas gravadas pelo MP durante três meses, que revelaram como funcionava o esquema de lavagem de dinheiro. Em outros áudios, do dia 25 de setembro, Edivan Bataglin, também preso em novembro enquanto entregava R$ 70 mil para Bibinho, trata de um depósito bancário da mesma quantia. Nas gravações, Edivan se mostra preocupado com a transferência do dinheiro. Em uma delas, ele conversa com uma mulher e pergunta sobre o depósito, mas ela explica que a entrada da verba ainda não foi registrada.
Logo depois, em outra gravação, Edivan cobra um homem, que seria o administrador das contas de Bibinho, sobre a operação bancária e é informado que logo o dinheiro seria depositado. Depois, em outro telefonema, ele pede que os R$ 70 mil sejam transferidos para sua própria conta e não para a de Abib, como havia sido combinado. “Tenta, porque ele [Abib] tinha um dinheiro lá bloqueado. Mas se não der, não tem problema, eu tento sacar”, diz.
Já em uma terceira gravação, do dia 24 de outubro, Edivan conversa com a filha de Bibinho, Luciana de Lara Abib – que também foi presa em novembro – e pede que ela avise o pai que ele vai receber uma entrega de “feijão”. Segundo a denúncia do MP, “feijão” é um código para dinheiro. A reportagem não conseguiu contato com Edivan nem com Luciana.
O feijão
Em outra conversa, Abib Miguel fala com um homem que afirma que vai levar o feijão para ele. O termo “feijão”, segundo o Gaeco, é usado para se referir ao dinheiro.
Depósito
Edivan Bataglin, um dos acusados de participar do esquema de lavagem de dinheiro de Abib Miguel, faz uma ligação para saber se o depósito do “Seu Abib” entrou na conta.
Bibinho detona delação de Youssef
Grampos telefônicos legais feitos pelo Gaeco durante a investigação da operação Argonauta mostra que Abib Miguel, conhecido como Bibinho, afirmou no final de outubro do ano passado, no dia da eleição, que o doleiro Alberto Youssef seria um canalha por que ter feito a delação premiada em uma conversa informal.
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