Presidente da Petrobras entre 2005 e 2012, o petista José Sérgio Gabrielli afirmou à Justiça nesta quarta-feira (17) que nunca suspeitou de cartel ou combinação de preços em obras da companhia, conforme aponta a Operação Lava Jato. “Nunca ouvi informações que levassem a suspeitar de vazamento [de orçamentos], de combinação de cartéis ou combinação de preços na Petrobras”, disse, em audiência.
Convocado a depor como testemunha de defesa do ex-diretor de Serviços Renato Duque, que é réu sob suspeita de desvio de recursos da empresa, Gabrielli explicou como se dão os processos de licitação na companhia.
A ação em que depôs Gabrielli diz respeito a quatro obras da Petrobras (as refinarias Repar e Replan, o gasoduto Pilar/Ipojuca e o gasoduto Urucu/Coari). Segundo o Ministério Público, um cartel formado por empreiteiras teria superfaturado os orçamentos e desviado R$ 292 milhões da estatal.
De acordo com o ex-presidente, o aquecimento do mercado naquele período e o pequeno número de competidores aptos a construir obras como aquelas gerava “uma certa elevação de custos que preocupava”. “A complexidade de alguns desses projetos também preocupava a diretoria. Mas nada que nos levasse a imaginar comportamentos inadequados”, declarou.
Segundo ele, os projetos a serem executados eram escolhidos pela diretoria executiva, mas o processo licitatório era “tocado operacionalmente” pelas diretorias de Serviços e de Negócios.
Depois, o resultado da licitação voltava à diretoria executiva, para sua aprovação ou não.
Gabrielli também aproveitou para defender sua gestão à frente da Petrobras.
Disse que o valor de mercado da companhia passou de US$ 15 bilhões para US$ 150 bilhões entre 2003 e 2012, e que a Petrobras, antes uma empresa “condenada à morte”, porque não investia em exploração, ampliou suas atividades, descobriu o pré-sal e passou a ser “uma das maiores empresas do mundo, em termos de perspectiva de crescimento de produção”. Pouco depois, o juiz Sergio Moro interrompeu as observações de Gabrielli. “Já é suficiente”, disse.