Gaudenzi assume Infraero e promete não compactuar com irregularidades

O novo presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, disse nesta segunda-feira, em sua primeira entrevista coletiva no cargo, que não vai compactuar com irregularidades na estatal que administra os aeroportos e, se for necessário, vai pedir que o Tribunal de Contas da União (TCU) acompanhe a elaboração de editais de obras para evitar problemas futuros nas licitações. Ele cobrou também um "completo entendimento" entre Infraero, Aeronáutica e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

- É preciso que os três entes trabalhem juntos, dentro de um mesmo objetivo. Queremos restaurar a confiança do brasileiro na nossa aviação. Como usuário de aeroporto, direi que não fico satisfeito com a prestação de serviços e devo trabalhar para que essa prestação melhore bastante - prometeu.

O novo presidente da estatal afirmou que quando chegou à Agência Espacial Brasileira (AEB) também havia um certo desentendimento entre os órgãos executores, Inpi (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e CTA (Centro Técnico Aeroespacial). E que "hoje eles trabalham muito bem".

Gaudenzi negou que esteja no cargo por influência partidária

Gaudenzi ressaltou ainda que seu nome é uma indicação pessoal do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e negou qualquer influência partidária para estar no cargo, apesar de ser filiado ao governista PSB e ter almoçado mais cedo com o presidente do partido, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

- Sou político, mas não sou uma indicação política. Sou basicamente um gestor - disse o engenheiro civil e ex-deputado estadual e federal que ocupava a presidência da AEB.

O novo comandante da estatal que administra os aeroportos procurou minimizar as declarações em que revelou que não entende nada do setor aéreo:

- Não é exatamente isso. O que eu quis dizer é que eu não sentei detidamente para analisar a Infraero. Quero conversar com todos e examinar as coisas.

Situação dos aeroportos preocupa o presidente da Infraero

A situação dos aeroportos do país é uma preocupação de Gaudenzi, que promete fazer um levantamento deles, para averiguar onde estão os problemas. Ele não quis adiantar se haverá mudanças na diretoria da estatal, limitando-se a dizer que, antes de tudo, quer conversar com toda a diretoria.

Sobre uma possível abertura do capital da Infraero, Gaudenzi disse que esse "é um assunto que precisa ser discutido com a sociedade".

Dizendo ter carta branca do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e que apesar da experiência política, sua indicação também é técnica, o presidente da estatal reclamou da falta de informações aos passageiros nos aeroportos, queixa feita anteriormente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Sobre denúncias de corrupção na estatal, Gaudenzi afirmou que enquanto não houver um processo real não pode fazer nada, e evitou fazer críticas à Anac.

Gaudenzi rebateu ainda o processo que corre no TCU e que contesta o pagamento de R$ 10 milhões pela viagem do astronauta Marcos Pontes ao espaço, feito pela AEB sem a abertura de licitação:

- O gestor tem, às vezes, que decidir pelo prejuízo menor, mas o pagamento foi feito oficialmente, inclusive com registro no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira) - disse, argumentando que, na época, a agência espacial estava sem orçamento.