Mesmo afirmando querer evitar polêmica com os militares, o ministro da Justiça, Tarso Genro, defendeu nesta sexta-feira (8) a abertura dos arquivos dos órgãos de segurança das Forças Armadas que funcionaram na ditadura, considerados possíveis fontes de informações sobre arbitrariedades ocorridas no período. "Temos que verificar as mudanças que devem ser feitas na lei, porque tudo tem que ser feito dentro do Estado de Direito e protegendo as questões que são de interesse do Estado. Agora, isso é uma necessidade. A história deve ser conhecida por todo mundo", defendeu.
Duramente atacado na quinta-feira em reunião no Clube Militar, no Rio de Janeiro, por defender o julgamento dos torturadores que atuaram no regime militar, ele ironizou os militares ao afirmar que não se sentirá constrangido com a divulgação das informações naquela época. "Não há problema em divulgar minha ficha. Ela não é novidade para ninguém. É uma ficha aberta e me orgulho muito dela", disse o ministro. Genro tentou evitar polemizar com os militares que se reuniram na quinta-feira no Clube - a maioria era da reserva, mas havia também oficiais da ativa, como o comandante Militar do Leste, general Luís Cesário da Silveira. "Esse assunto (a eventual punição dos torturadores) está encerrado. O Ministério da Justiça já se pronunciou", afirmou. Mas, ao ser questionado sobre as declarações do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça Waldemar Zveiter, que conclamou os militares a um movimento pela demissão de Tarso, o ministro foi irônico. "Acho que eles tem direito de fazer isso, porque nós estamos em uma democracia. Se fosse em uma ditadura, quem fizesse uma manifestação como esta poderia ser cassado", provocou.
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