Após ser apontado em auditoria interna da BR Distribuidora como único responsável por ilegalidades em contratos com a UTC no valor de R$ 650 milhões, o gerente adjunto de Instalações da subsidiária da Petrobras Marcos Aurélio Frontin acusa o atual presidente da BR, José Lima de Andrade Neto, e a antiga diretoria de terem determinado contratação irregular com a empresa do empreiteiro Ricardo Pessoa, um dos réus delatores da Operação Lava Jato.
Funcionário de carreira da subsidiária da Petrobras, Frontin disse ser um “bode expiatório”. Para ele, sem Andrade Neto, os contratos não teriam sido feitos. O executivo, ligado ao senador Fernando Collor (PTB-AL), é o único a ter se mantido no cargo após os desdobramentos da Lava Jato.
Em depoimento de delação premiada, Pessoa afirmou que repassou R$ 20 milhões a aliados do senador por esses contratos com a BR. “Você acha que eu, um gerente de terceiro escalão, tinha competência para isso? Minha competência era de R$ 300 mil. Essas contratações eram acima de R$ 100 milhões”, afirmou.
Segundo Frontin, a escolha da empresa “já veio pronta”. “É uma licitação por meio da internet. Acho que somente dez empresas foram avisadas (de dezenas de um cadastro da BR). Foi um contrato um atrás do outro (todos com a UTC), não fui eu que aprovei, a palavra final não é minha. O limite de competência era de toda diretoria, inclusive do presidente da BR. Só que toda diretoria já saiu da empresa, exceto o presidente que esta lá ainda.”
Questionado sobre se não estranhou o fato de a mesma empresa ter sido contratada consecutivamente para três obras no valor de R$ 650 milhões, ele voltou a dizer que não era sua competência e negou que tenha recebido oferta de propina e ou algum valor.
O gerente disse também que nunca recebeu o resultado de auditoria feita na empresa e não pôde retrucar em momento algum. “Estou numa situação desconfortável com meus colegas. É uma punhalada nas costas de uma empresa que dediquei mais da metade da minha vida.”
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