A senadora do Paraná Gleisi Hoffmann (PT) disse em entrevista à Gazeta do Povo que fez uma solicitação formal ao Senado para que a Polícia Legislativa da Casa fizesse uma varredura eletrônica em sua casa em Curitiba.
“Se eu quisesse mesmo obstruir qualquer investigação eu tinha contratado uma varredura particular”, afirmou ela, que entregou à reportagem uma cópia do ofício (de número 123/2016) enviado para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com a solicitação.
Ao realizar a Operação Métis nesta sexta-feira (21), o Ministério Público Federal do Distrito Federal alegou que varreduras do tipo “devem ficar restritas às dependências da Casa Legislativa”, sugerindo que “interesses particulares” não deveriam ser pagos com recursos públicos.
Policial que fez varredura em imóvel de Gleisi tem curso de contraespionagem
Leia a matéria completaA própria parlamentar reconhece que as varreduras realizadas pela Polícia Legislativa em gabinetes de senadores são consideradas “corriqueiras”, mas não a extensão de um serviço do tipo para um imóvel particular de um político.
Ela enfatiza, contudo, que fez uma solicitação formal ao Senado, que, eventualmente, poderia negar o pedido, caso entendesse não se tratar de uma prerrogativa da Polícia Legislativa.
“Solicito a vossa excelência verificar a possibilidade de determinar uma varredura eletrônica em minha residência localizada na cidade de Curitiba”, diz trecho do ofício. Em nota, o Senado também defendeu a regularidade do serviço.
“Eu nunca tinha pedido uma varredura na minha casa. Mas, depois daquela operação da Polícia Federal, eu fiquei preocupada, porque não tinha ninguém em casa. Eu não sei quem entrou na minha casa, o que fez. A gente sabe que tem gente dentro da PF que fica postando contra o PT nas redes sociais”, criticou ela.
A petista se refere à Operação Custo Brasil, um desdobramento da Lava Jato realizado em 23 de junho último. Naquele dia, houve a prisão do marido da senadora, o ex-ministro Paulo Bernardo, e também um cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa da senadora em Curitiba, no bairro Água Verde. A solicitação da varredura ao Senado foi feita no dia 29 de junho deste ano.
Questionada sobre o fato de ter solicitado uma varredura ao mesmo tempo em que está na condição de investigada no âmbito da Lava Jato – um dos pontos mencionados pelo Ministério Público Federal do Distrito Federal –, a senadora voltou a dizer que não tem “qualquer intenção de obstruir nenhuma investigação”.
“E eu conversei com a Polícia Legislativa, que me disse que, se fosse encontrada alguma coisa, o Ministério Público teria que ser comunicado. O procedimento é esse”, reforçou ela.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Deixe sua opinião