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O governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), negou ter recebido propina da construtora Gautama, apontada como a central do esquema de fraudes em licitações e desvio de recursos, desmontado pela Operação Navalha, da Polícia Federal (PF). Mas admitiu a possibilidade de que os seus sobrinhos, Alexandre Maia Lago e Francisco de Paula Lima Júnior, tenham participação no esquema.

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Alexandre e Francisco foram presos durante a investigação sob suspeita de terem recebido R$ 240 mil de propina em nome do tio.

Após prestar depoimento à ministra do Superior Tribunal Justiça (STJ) Eliana Calmon, Lago disse lamentar as acusações de participação de seus sobrinhos, e que há "evidências de irregularidades" que precisam ser apuradas.

"Foi profundamente lamentável. Havendo a constatação disso, nós esperamos que, além das relações com a Justiça, que seja uma lição. Há evidências de irregularidades que têm que ser apuradas. Estou triste com tudo isso."

Patrimônio

Indagado por jornalistas se teria recebido dinheiro da Gautama, o governador do Maranhão declarou ter uma vida "honrada e limpa".

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"Todo o meu patrimônio é um apartamento em que eu e minha mulher moramos e uma caminhonete financiada em 36 meses. Sou um homem de vida limpa, fui um profissional que tive êxito, fui prefeito de São Luís três vezes. Se tivesse amor ao dinheiro e fosse desonesto, teria tido oportunidades. Exijo que examinem minha vida", declarou.

Segundo o advogado José Edurado Alckmin, que defende Lago, além desses bens, o governador do Maranhão possui também em seu nome uma casa em São Luís, no valor de R$ 20 mil, comprada por ele, em 1976, para que a ex-sogra morasse.

O advogado informou também que Lago vai encaminhar à ministra Eliana Calmon, relatora do inquérito que apura o esquema de corrupção, seus extratos bancários com declaração de bens e o carnê do automóvel que está pagando.

No depoimento, segundo Alckmin, o governador ficou surpreso ao ouvir gravações telefônicas feitas pela PF durante as investigações em que seu nome é citado por um dos sobrinhos. "Ele ficou absolutamente surpreso. Claro que já tinha conhecimento dos fatos, mas se surpreendeu. Jamais autorizou alguém a atuar em nome dele."

Prisão

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O advogado reiterou que a prisão de Lago não chegou a ser pedida pelo Procurador-Geral da República, Antonio Fernando de Souza, à ministra do STJ. Segundo Alckmin, Eliana Calmon apenas fez uma "observação técnica" em que decidiu não decretar a prisão do governador, o que, também de acordo com o advogado, poderia ter sido decidido por ela, mesmo sem um pedido formal do Ministério Público.

Após um breve intervalo para o almoço, a ministra vai ouvir, ainda nesta quarta, o ex-Procurador-Geral do Maranhão Ulisses César Martins e o ex-Ministro de Minas e Energia Silas Rondeau.