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O vice-presidente José Alencar disse nesta sexta-feira, ao deixar o hospital Sírio-Libanês, de onde recebeu alta depois de ser submetido a uma angioplastia, que é preciso investigar se há verdade nas afirmações do advogado Rogério Tadeu Buratti, ex-assessor de Antonio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto (SP), que afirmou à Polícia Federal que o atual ministro da Fazenda recebia R$ 50 mil por mês das empresas de coleta de lixo da cidade.

Segundo Alencar, é preciso considerar os novos fatos com muito cuidado para que o país não vire "um país de denuncismo". Para o vice-presidente, Palocci é um homem de bem até que se prove o contrário.

- É preciso que haja investigação para verificar até onde vai a verdade das colocações que foram feitas. Eu tenho o Palocci como um homem de bem, e ele é um homem de bem até prova em contrário. Até que provem o contrário, qualquer um de nós é bom, é honesto, é correto. O país precisa aprender o que é princípio de direito, que o ônus da prova é de quem acusa. E tem que ser assim, do contrário, vamos virar um país de denuncismo - defendeu.

O ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, também saiu em defesa de Palocci. Para ele, a denúncia é inconsistente, sem provas e objetiva benefício próprio, a delação premiada (instrumento jurídico que prevê redução de pena em troca de informações).

- Palocci é um homem público de responsabilidade e respeitabilidade. Buratti fez uma denúncia inconsistente e sem provar com o objetivo de obter benefício próprio - disse Jaques Wagner, por meio de sua assessoria de imprensa.

Segundo o ministro, a nota de Palocci dá explicações consistentes e nega a denúncia com ênfase.

O presidente da CPI dos Correios, senador Delcidio Amaral (PT-MS), também criticou a onda de denuncismo e disse que uma possível convocação de Palocci compete à CPI dos Bingos, que já ouviu Buratti uma vez. Delcidio, no entanto, disse que é preciso cuidado com as declarações feitas em troca de delação premiada, e lembrou que "agora todo mundo quer negociar" este tipo de acordo, que exige equilíbrio e serenidade.

- Buratti já foi ouvido na CPI dos Bingos e o assunto é muito mais aderente à CPI dos Bingos, mas temos de tomar muito cuidado com essa onda de denuncismo. Todos querem o benefício da delação premiada. Essa onda pode prejudicar o país, mexer com a economia e prejudicar pessoas de bem. O equilíbrio neste momento é absolutamente necessário - afirmou Delcidio.

O senador citou as denúncias feitas pelo doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, como exemplo de acusações irresponsáveis:

- Vamos ser objetivos. A decisão da CPI de ir a São Paulo foi responsável e nesta conversa surgiram alguns nomes, mas trazidos por uma pessoa que está condenada a 25 anos de prisão. De uma hora para outra, outras pessoas estão na mídia em função de uma pessoa que não tem nada a perder.

Indagado se Buratti poderia estar inventando as denúncias, Delcidio respondeu:

- Não afirmo que ele está inventando ou não, mas é uma notícia que surgiu e precisamos ter cuidado. As notícias foram divulgadas pelo promotor. Estamos falando do ministro da Fazenda. Todos sabem que ele (Buratti) trabalhou na prefeitura de Ribeirão Preto, mas não podemos botar lenha na fogueira.

O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT), também avaliou que as revelações feitas por Buratti precisam ser investigadas e que o episódio é negativo para o país. Déda lamentou que isso tenha ocorrido num momento tão positivo da economia e pediu cautela nas conclusões, defendendo que esse não é o momento de fazer julgamentos antecipados dos fatos.

- Um depoimento não é sentença judicial, mas apenas um elemento de investigação. Ninguém pode ser punido por indícios, estes devem ser transformados em provas - afirmou Déda.

O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), membro da CPI dos Correios, considerou grave a denúncia.

- É uma denúncia grave, mas exige provas que serão obtidas ao longo de investigação. Não leva a qualquer forma de pré-julgamento ou conclusão definitiva. É necessário que se investigue porque pode ser a afirmação desesperada de alguém que quer se inocentar a qualquer preço - afirmou.

Pouco antes da divulgação da nota, em que Palocci critica a forma como foi divulgado o depoimento de Buratti, o secretário-geral do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse que é preciso serenidade para encarar os novos fatos. Após sair da reunião na comissão de ética do PT, ele afirmou que, no Brasil, as discussões políticas estão maduras e que é possível enfrentar com segurança qualquer tipo de denúncia.

- O ministro (Antonio) Palocci tem que se pronunciar o mais rapidamente possível para dar uma palavra oficial ao país. Evidentemente são denúncias graves e, se houver veracidade, isso constitui uma grave falha de condução, que certamente influenciará todo o desfecho da crise política.

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