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Nos últimos dias, foi deflagrado um jogo pesado nos bastidores para enterrar definitivamente a CPI da Navalha. Com o temor de que a CPI não se limite ao empreiteiro Zuleido Veras, da Gautama, e passe a investigar a relação de políticos com empreiteiros, grupos distintos passaram a agir com força para reverter a instalação da CPI mista do Congresso, que até o início da semana contava com 172 assinaturas na Câmara e 29 no Senado. Para barrar a CPI, atuam com o mesmo objetivo o Palácio do Planalto, setores da oposição e até mesmo parlamentares da chamada bancada das empreiteiras.
O golpe final será dado no início da semana que vem. Assim que a CPI for protocolada na secretaria-geral da Mesa, um grupo de cerca de 15 deputados já negociaram retirar suas assinaturas do requerimento, o que deve inviabilizar a instalação da comissão de inquérito. A estratégia inclui, até mesmo, assinaturas de deputados que já acertaram antecipadamente a retirada dos nomes para confundir a minoria.
- Posso garantir que não vai haver CPI da Navalha. Pelo menos 15 deputados já garantiram que vão retirar seus nomes. Se preciso, vamos conseguir mais nomes - disse o vice-líder do PT, Maurício Rands (PE).
A intervenção mais pesada do governo se deu na quarta-feira, quando seria protocolado o requerimento de criação da CPI, levando ao adiamento com a notícia de que um grupo retiraria as assinaturas. O anúncio de uma série de nomeações de cargos reivindicados, principalmente do PMDB, no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal, não foi visto como mera coincidência.
O governo chegou a reabrir na semana passada a negociação do segundo escalão para acalmar aliados. Grupos de deputados já estavam chantageando o Planalto, e ameaçavam assinar o requerimento de CPI. Depois de mapear a situação no Congresso e conter os focos de insatisfação, no núcleo do governo o clima era de confiança.Leia a matéria na íntegra no Globo Digital Investigação no STJ foi desmembrada
Na última quarta-feira, a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, autorizou o desmembramento do inquérito em três partes . Uma continua sob responsabilidade do STJ, investigando 44 dos 47 suspeitos detidos durante a Operação Navalha. A segunda parte, que investiga os três servidores da PF suspeitos de 'vazarem' informações sobre a operação, foi encaminhada à Justiça Federal da Bahia. Já o convênio entre a prefeitura de Camaçari (BA) e o Ministério das Cidades vai ser investigado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região.