Indicado pelo PMDB como titular de uma das 65 cadeiras da comissão especial da Câmara Federal responsável por analisar o pedido de impeachment da presidente da República Dilma Rousseff (PT), o deputado federal pelo Paraná João Arruda (PMDB), sobrinho do senador Roberto Requião (PMDB), afirmou em entrevista à Gazeta do Povo na tarde de segunda-feira (7) que defende “a necessária cautela” para tratar do tema.
O chamado “perfil moderado” de Arruda bate com os planos de Leonardo Picciani (RJ), líder da bancada do PMDB, que tenta dar uma aparência técnica à comissão especial, sem nomes que já expressaram posições sobre o impeachment – a favor ou contra. “Nós queremos que a comissão especial seja marcada por uma discussão equilibrada. A análise tem que ser técnica, não política. Não é ano eleitoral”, afirmou Arruda.
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Leia a matéria completaO paranaense corrobora com um argumento que pode ser estratégico para o Planalto. Com a base enfraquecida na Câmara Federal, e um cenário político e econômico desfavorável à presidente Dilma, a ideia é tentar assegurar uma discussão exclusivamente constitucional sobre o impeachment. O Planalto defende que não houve crime de responsabilidade contra a lei orçamentária, item da “Lei do Impeachment” utilizado na representação contra a presidente Dilma.
Arruda prefere não se posicionar oficialmente sobre seu voto dentro da comissão especial, mas o sobrinho do de Requião não pertence à ala do PMDB afinada com o PSDB, principal legenda de oposição ao governo Dilma. Assim como no plano nacional, o PMDB do Paraná se mantém há anos dividido entre o apoio ao PSDB e ao PT. Nas eleições do ano passado, Arruda quis barrar o apoio de peemedebistas ao tucano Beto Richa, mas os dissidentes do seu partido ganharam espaço no governo estadual após a vitória do PSDB nas urnas – e hoje o próprio líder da base aliada de Richa na Assembleia Legislativa é filiado ao PMDB, Luiz Claudio Romanelli.
Por outro lado, Arruda garante que nunca esteve “amarrado ao PT”. “Eu votei na Dilma, acho que era o “menos ruim”, mas não votaria de novo. Acho o governo ruim”, declarou ele. Apesar disso, Arruda reforça que “governo ruim” não pode ser motivo para cassação e dá sinais de como deve votar dentro da comissão especial. “Um governo pode começar ruim, pode melhorar, pode piorar, mas para tirar alguém do cargo tem que ser algo muito forte, com consistência, provas, dentro da legalidade. Não podemos tirar alguém por simpatia ou antipatia ao governo. Não podemos brincar com a democracia. Daqui a pouco vira moda. Isso é grave”, afirmou ele.
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Leia a matéria completaA título de comparação, Arruda lembra que é um forte crítico do governo Richa no Paraná, mas nunca defendeu a cassação do mandato do chefe do Executivo estadual, quando o assunto foi ventilado por oposicionistas, em meio a “pedaladas fiscais”, de acordo com parecer do Ministério Público de Contas (MPC), e a um escândalo de corrupção na Receita Estadual, revelado pela Operação Publicano. “A única diferença [do governo federal para o governo do Paraná] é que aqui o Tribunal de Contas da União recomendou a rejeição das contas e, no Paraná, o Tribunal de Contas aprovou”, acrescentou ele.
Arruda admite ainda que a “pressão é grande” dentro do Congresso Nacional, mas sustenta que, “neste momento, todo mundo está observando, tentando sentir a reação da sociedade”. “E até agora não tem nada de concreto”, finalizou ele.
Eleição
O nome de João Arruda e dos outros parlamentares indicados para a comissão especial do impeachment ainda precisa do aval do plenário da Câmara Federal. A chapa formada por Arruda deve concorrer com uma chapa articulada às pressas pela oposição, em conjunto com dissidentes do PMDB. A eleição com o “bate-chapa” está marcada para a tarde desta terça-feira (8). Ganha a chapa que conquistar a maioria simples dos votos da Casa, onde há 513 deputados federais no total.
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