O Palácio Iguaçu espera que a relação do governo federal com o Paraná melhore – e muito – com a assunção de Michel Temer (PMDB) à presidência da república. A expectativa é de que R$ 1,76 bilhão em empréstimos solicitados pelo estado sejam liberados no novo governo.
INFOGRÁFICO: Os empréstimos do Paraná em análise na União
Parte destes recursos já foi aprovada e a expectativa é de que o dinheiro seja destinado ao estado nas próximas semanas. “Já temos a sinalização de que vamos ter a solução para este problema muito em breve”, diz o secretário-chefe da Casa Civil do Paraná, Valdir Rossoni (PSDB).
Os empréstimos reivindicados correspondem a três convênios com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Dois deles – que preveem recursos para as áreas de segurança e infraestrutura (rodovias) – já foram liberados, mas estão sob análise na Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
Estes recursos – que somam R$ 760 milhões – devem chegar mais rapidamente ao estado. Além disso, o governo está em vias de aprovar outra linha de mais de R$ 1 bilhão (US$ 300 milhões) com o BID, para financiar projetos na área de logística.
O Paraná anseia também um relacionamento mais próximo e cordial com a União. Trocando em miúdos, o governo espera não enfrentar tantas “dificuldades” para aprovar os financiamentos. “Estamos otimistas e percebemos que esse novo governo terá um posicionamento mais republicano com o nosso estado”, aponta Rossoni.
Coordenadora do grupo de trabalho de relacionamento do governo do Paraná com o governo federal, a vice-governadora Cida Borghetti (Pros) também entende que as tratativas com Brasília devem avançar. Recentemente, ela integrou uma missão do governo na Rússia, a convite de Temer. Além disso, o marido de Cida, o deputado Ricardo Barros (PP) está cotado para assumir o Ministério da Saúde.
“Tenho certeza de que o bom relacionamento vai prevalecer, porque essa articulação vai avançar por causa da capacidade e visão futurista do Temer, que entende que o Brasil precisa avançar rapidamente. O Paraná é um estado diferenciado porque fez os ajustes necessários e hoje serve de exemplo aos demais”, diz Cida.
Outro paranaense, o deputado federal Alex Canziani (PTB), corre por fora, cogitado para o Ministério do Trabalho. Para articuladores políticos do estado, os nomes de agentes públicos do estado em evidência atestam que o Paraná deve ter uma posição mais confortável no governo Temer.
“Nós torcemos pelos paranaenses, até porque eles vão olhar mais para cá [o estado]. Independentemente disso, a relação vai melhorar. Estamos otimistas”, pontuou Rossoni.
Paraná já recorreu ao STF
Ao longo do governo Dilma Rousseff (PT) o Paraná enfrentou dificuldades recorrentes para destravar empréstimos que já haviam sido aprovados por instituições de financiamento. Além de travar embates políticos, o estado chegou a recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para destravar uma das linhas de recursos, que à época chegava a R$ 817 milhões, provenientes do Programa de Apoio ao Investimento de Estados e do Distrito Federal (Proinveste). O dinheiro só saiu depois de a corte deferir um pedido de liminar.
O Paraná também teve que se desdobrar para tirar do papel outros financiamentos, como convênios com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), cujos empréstimos chegaram a ser barrados no Senado. O governo do estado sempre atribuiu esse “represamento” a manobras políticas de adversários.
Ainda hoje, o secretário-chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB), aponta que os mais de R$ 1 bilhão estão parados. “Este dinheiro só está parado lá na Secretaria [do Tesouro Nacional], porque uma determinada senadora do Paraná não queria que fosse destinado ao estado”, aponta Rossoni, fazendo referência a Gleisi Hoffmann (PT) . A senadora sempre negou qualquer influência na retenção dos recursos.
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