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Graça Foster, presidente da Petrobras | Tomaz Silva/Agência Brasil
Graça Foster, presidente da Petrobras| Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O rombo causado pela corrupção nas contas da Petrobras poderá ser ainda maior, caso surjam novas empresas e contratos suspeitos, admitiu nesta quinta-feira (29) a presidente da estatal, Graça Foster.

A companhia também poderá ampliar o período sob investigação, limitado entre janeiro de 2004 e abril de 2012, época em que Paulo Roberto Costa era o diretor de abastecimento da estatal. Na avaliação da presidente da empresa, com a evolução das investigações da Operação Lava Jato, o volume de desvios estimados poderá ser superior aos R$ 4 bilhões já apurados pela companhia.

O valor se refere à aplicação da cobrança indevida de 3% nos contratos, que seriam desviados para pagamento de propinas a ex-funcionários, partidos e políticos - prática revelada por Costa em depoimento ao Ministério Público. Ao todo, a companhia identificou 52 contratos firmados com 23 empresas citadas nas investigações da Polícia Federal - que representam mais de R$ 188 bilhões em patrimônio da companhia.

"Se tivermos mais depoimentos em que surjam outras empresas, esse número cresce. Esse numero aqui não é firme e depende dos números de empresas que estão sendo informadas pelo Ministério Público. Cresce o número de empresas, cresce esse número", afirmou a Graça Foster. "Novas informações oriundas das investigações em curso podem causar novos ajustes", completou.

A Petrobras se baseou em depoimentos de envolvidos no esquema para identificar os contratos e o período em que ocorreram os desvios. "O período analisado não foi escolhido pela companhia, mas extraído dos depoimentos recebidos como "prova emprestada" pela Petrobras", frisou a presidente da empresa.

Em 31 dos contratos, os valores registrados pela companhia estavam "inflados" em R$ 88 bilhões em relação ao seu valor "justo" de mercado. A diferença, segundo a empresa, corresponde a perdas com a corrupção, deficiência em projetos, alterações de custos e outras "fragilidades".

A companhia informou que 94% dos contratos suspeitos eram da diretoria de Abastecimento, ocupada por Paulo Roberto Costa no período investigado. Um dos contratos é o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Inicialmente orçado em US$ 6,5 bilhões, o projeto teve o custo revisto para US$ 13,5 bilhões.

A Petrobras admitiu que, na avaliação de auditorias independentes, o valor de mercado do complexo é zero, isto é, ele não teria capacidade de gerar receitas suficientes para pagar seu custo.

"O objetivo do método (das consultorias) foi cumprido, que era avaliar o valor do ativo. Agora as equipes vão mergulhar nos empreendimentos individualmente para avaliar qual a perda com corrupção. Vamos fazer uma limpeza dedicada em tudo o que tivermos que fazer para ter uma avaliação correta para o patrimônio líquido", concluiu Graça Foster.

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