Controlada por sindicatos ligados à CUT e ao PT, a Editora Gráfica Atitude não apresentou comprovantes dos serviços para justificar o recebimento de R$ 2,6 milhões de empresas ligadas à Setal Óleo e Gás (SOG), uma das investigadas na Operação Lava Jato, segundo depoimentos de funcionários da companhia à Justiça Federal no Paraná.
Nesta segunda-feira (6), funcionários afirmaram que as notas fiscais chegavam à empresa sem qualquer prova de que os serviços eram executados. Em delação premiada, o executivo da SOG Augusto Ribeiro de Mendonça Neto disse que os pagamentos eram na verdade propina ao PT.
Ao todo, três empresas de Mendonça -a SOG, a Projetec e a Tipuana Participações- realizaram transferências bancárias de R$ 2,6 milhões à gráfica entre 2010 e 2013, mas os contratos com a Atitude foram assinados pela SOG e outra empresa controlada por Mendonça, a Setec. A gráfica tem como donos o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Sindicato dos Bancários de São Paulo.
“Não [houve comprovação de serviço prestado], efetuamos os pagamentos porque havia formalização contratual e autorização [de Mendonça]”, disse Felipe de Oliveira Ramos, gerente financeiro da SOG entre 2007 e 2012.
Outro funcionário da SOG, Johnny Rosa Vignoto, afirmou que autorizou as transferências no total de R$ 1,1 milhão em 2013 para as contas da Atitude mediante a apresentação de notas fiscais mesmo sem a entrega de provas de que os serviços da gráfica tinham sido prestados.
Em depoimento em março, Augusto Mendonça que disse que a Atitude foi indicada pelo tesoureiro afastado do PT João Vaccari Neto (preso na Lava Jato) e que todo o valor transferido à gráfica foi descontado dos subornos que a SOG deveria repassar ao PT em virtude de contratos assinados com a diretoria de Serviços da Petrobras, referentes a obras das refinarias Repar, em Araucária (PR) e Replan, em Paulínia (SP).
MATÉRIAS PAGAS
Também foram ouvidas três testemunhas ligadas à administração da gráfica Atitude: Carla Rodrigues de Moura Gallani, funcionária da área financeira desde 2009, Ivone Maria da Silva, representante do Sindicato dos Bancários na gráfica entre 2007 e 2010 e Juvandia Moreira Leite, representante do mesmo sindicato na Atitude a partir de 2011.
Gallani disse em seu depoimento que chegou a enviar exemplares da publicação mensal da gráfica, a “Revista do Brasil”, para funcionários da SOG, a fim de comprovar a realização dos serviços contratados pela empresa.
As três depoentes afirmaram que os contratos com a Setec e SOG não previam a realização de anúncios publicitários com os nomes das empresas, mas apenas a publicação de matérias pagas sobre o setor de óleo e gás, que eram genéricas e não continham menções sobre as companhias.
Elas disseram não se recordar da publicação de outras matérias pagas e de outros contratos com valores altos como aqueles assinados com as empresas investigadas na Lava Jato.
Nos testemunhos elas disseram não ter conhecimento sobre a participação de Vaccari nos negócios da gráfica com a SOG e a Setec.
Na audiência com o juiz federal Sergio Moro, Juvandia Leite comprometeu-se a apresentar em cinco dias exemplares da “Revista do Brasil” com as matérias publicadas em virtude dos contratos com as empresas. As defesas de Vaccari e da gráfica negam que houve repasse de propina ao PT por meio da Atitude.
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