Deflagrada no último dia 17 pela Polícia Federal, a Operação Carne Fraca rendeu a primeira saia-justa para o deputado federal licenciado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que naquela sexta-feira completava dez dias na cadeira de ministro da Justiça e da Segurança Pública. Embora a PF não tenha encontrado indícios da participação do peemedebista na suposta organização criminosa que atuava na superintendência paranaense do Ministério da Agricultura, a conversa entre Serraglio e um dos fiscais presos durante a ação obrigou o ministro “a se explicar” para a imprensa e deixou um cheiro de fritura no ar.
No domingo (19), quando o presidente Temer convocou reuniões emergenciais para tratar do impacto da Operação Carne Fraca, inclusive com embaixadores estrangeiros, Serraglio não apareceu. O secretário executivo da pasta, José Levi do Amaral, foi convocado para representar Serraglio nas reuniões. A justificativa seria que na sexta-feira, quando a Operação da PF estourou, o paranaense já estava em Umuarama, sua base eleitoral. Mas a ausência causou estranheza e alimentou especulações sobre a permanência de Serraglio no ministério.
Serraglio recebeu verba eleitoral de empresas investigadas pela Carne Fraca
Integrantes da bancada ruralista na Câmara dos Deputados tentam se antecipar a uma eventual “fritura” do colega paranaense. Na narrativa do grupo, a relação com o segundo escalão do governo federal faz parte da “atividade política normal”. Na época em que foi flagrado no grampo com Daniel Gonçalves Filho – então superintendente do Mapa no Paraná e apontado como um dos chefes do esquema fraudulento desmantelado pela PF – intercedendo pela unidade do frigorífico “Larissa”, em Iporã, Serraglio estava no exercício do mandato na Câmara dos Deputados.
No telefonema, Serraglio diz ao superintendente regional que “Paulo” estaria “apavorado” com uma fiscalização feita no local. “O cara que tá fiscalizando lá... apavorou o Paulo lá, disse que hoje vai fechar aquele frigorífico... botô a boca...”, descreve o parlamentar, na gravação interceptada pela PF. “Paulo” é o empresário Paulo Rogério Sposito, dono do frigorífico Larissa e alvo de um mandado de prisão preventiva na Operação Carne Fraca. Ele já foi candidato a deputado federal por São Paulo no ano de 2010.
Países suspendem importação de carne de empresas citadas em operação da PF
A PF também pediu a prisão preventiva de Daniel Gonçalves Filho, apontado como o comandante da organização criminosa que agiria na superintendência do Paraná. Ele estava no cargo indicado pela bancada do PMDB do Paraná, o que inclui Serraglio. O principal “padrinho” de Daniel Gonçalves Filho, contudo, seria o ex-deputado federal pelo PMDB do Paraná Moacir Micheletto, morto em um acidente de carro no ano de 2012.
Serraglio explicou à imprensa que estava preocupado com a possibilidade de mais um fechamento de frigorífico em sua região, onde a crise já teria eliminado empregos ligados ao agronegócio. Apesar das explicações, Brasília está atenta aos desdobramentos políticos da Operação Carne Fraca.
Embora não tenha se debruçado sobre o assunto, a PF avisou à imprensa que parte da propina recolhida pela organização criminosa que atuava na representação paranaense do Mapa seria destinada a partidos políticos.
O delegado da PF Maurício Moscardi Filho chega a citar o PMDB e o PP, mas não revela outros detalhes.
Os pepistas do Paraná são responsáveis pela indicação de Gil Bueno de Magalhães, que em julho do ano passado entrou no lugar de Daniel Gonçalves Filho na principal cadeira do Mapa no Paraná. Seu principal “padrinho” seria o deputado federal pelo Paraná Dilceu Sperafico (PP).
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