O tom do debate deste domingo, na RIC, mostrou o quanto a campanha mudou durante o segundo turno da eleição em Curitiba. Na primeira semana de outubro, Ney Leprevost (PSD) e Rafael Greca (PMN) fizeram o primeiro debate do segundo turno na Gazeta do Povo basicamente falando de propostas. Agora, as propostas ficaram para trás: os dois candidatos trataram meramente de acusações um ao outro.
A primeira pergunta, feita por Ney Leprevost, parecia ser uma tentativa de encaminhar o debate para discussão sobre propostas, embora contivesse uma pegadinha. Ney perguntou sobre prevenção a problemas cardíacos congênitos – somente para corrigir Greca e dizer que a prevenção, nesse caso, se dá depois do parto, e não antes.
A pancadaria começou a seguir. Assim como anunciava seu programa eleitoral no horário gratuito no sábado (anunciado como uma série de denúncias contra Leprevost), Greca partiu para o ataque. Passou a maior parte do debate fazendo perguntas sobre as questões levantadas contra o oponente, principalmente um possível beneficiamento ao irmão de Ney, o empresário João Guilherme Leprevost, que teria conquistado a possibilidade de comprar um terreno público por meio da interferência do deputado.
Nas questões seguintes, Greca falou sobre a parceria de Leprevost com o PCdoB; sobre o diploma de Leprevost obtido num curso a distância no Tocantins; sobre os comissionados no gabinete na Assembleia Legislativa e sobre os gastos do deputado e de seus funcionários com gasolina.
Greca também usou perguntas para mostrar que aparentemente Leprevost não conhece bem a cidade: perguntou, por exemplo, o que o candidato faria numa intercessão da Wenceslau Brás no Hauer – e o oponente não soube dizer qual era a solução técnica para o problema de trânsito no local.
Leprevost também foi agressivo. Fez uma pergunta sobre moradores de rua, por exemplo, para na réplica retomar a história de que Greca passou mal ao “sentir o cheiro de pobre”, conforme declaração do próprio candidato no primeiro turno. “Não se pode vomitar em ninguém”, disse Leprevost.
O candidato do PSD também usou expressões duras contra Greca, acusando-o de ser “mau caráter” por fazer denúncias contra sua família e de ser “mentiroso” repetidas vezes. Também acusou Greca de ter sido funcionário fantasma no Senado, quando contratado pelo presidente Renan Calheiros (PMDB). Os dois também usaram clichês, acusando um ao outro de representar a “velha política”.
O formato do debate, composto basicamente por perguntas e respostas sem tema pré-definido, permitiu que os candidatos usassem o tempo como quisessem. Com a eleição aparentemente em aberto e os ânimos se exaltando, poucas foram as discussões sobre temas da cidade, que apareceram mais perto do fim do debate – de apenas uma hora.
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