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Elton John participou do Viajazz Music Festival, em Madri, no início de julho | Sergio Perez-Reuters/Gazeta do Povo
Elton John participou do Viajazz Music Festival, em Madri, no início de julho| Foto: Sergio Perez-Reuters/Gazeta do Povo

Em dia de greve, Metrô anuncia trem sem condutor

O secretário estadual de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, disse nesta quinta-feira (2) ao "SPTV" que o Metrô vai investir em trens que transitam entre as estações sem necessidade de operador. As composições seriam controladas diretamente de uma central de operações.

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O tumulto ocorrido na Estação da Luz no fim da tarde de quinta-feira (2) foi apenas um dos reflexos da greve dos funcionários do Metrô em São Paulo. Além do empurra-empurra para entrar na estação, o dia foi marcado por trânsito complicado, ônibus lotados e longas filas nos trens. Estas cenas podem voltar a se repetir na sexta-feira (3), já que os grevistas não chegaram a um acordo com a companhia e resolveram continuar de braços cruzados.

Por dia, o Metrô transporta 3 milhões de pessoas. A companhia estima que, até as 22h, 1,2 milhão sejam prejudicados. Isso porque as estações da Linha Azul (Norte-Sul) abriram. Na Linha Verde (Vila Madalena-Alto do Ipiranga), o funcionamento foi parcial. Já na Linha Vermelha (Leste-Oeste), nenhum passageiro conseguiu embarcar. Muitos passageiros tiveram de usar os ônibus do plano de emergência.

No início da noite, passageiros ainda enfrentavam tumulto na porta da Estação da Luz, no Centro. Por dia, 250 mil passageiros passam pela estação, de acordo com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O tumulto começou por volta das 17h30 com o fechamento da entrada da Rua Cásper Líbero. A medida levou os passageiros a se aglomerarem na entrada da Praça da Luz.

De acordo com a CPTM, o fechamento foi uma medida de segurança, já que o espaço na área de embarque pela rua Cásper Líbero não comporta a quantidade de usuários que querem entrar nos trens.

Policiais militares de três batalhões fazem a segurança na Luz. Segundo o tenente Siqueira, responsável pelas operações no local, por volta das 18h um grupo chegou a quebrar um portão da entrada. A situação foi controlada e um carro com policiais ficou de vigilância no portão, que teve de ser fechado.

Às 19h30, a entrada era feita de forma controlada pela PM, apenas por dois portões situados na Praça da Luz. A entrada na estação só era permitida com na medida em que os trens chegavam. A CPTM estima que o movimento tenha aumentado em 10% em suas estações por causa da greve, ou 160 mil passageiros a mais.

Como voltar?

A recepcionista Emily Samara Silva Rocha, de 24 anos, chegou à estação por volta das 18h30. "Me disseram que estava fechada. Quero pegar o trem para Guaianazes, mas os policiais disseram que fecharam os portões por causa do tumulto e que não há hora para abrir. Estou pensando em como vou chegar em casa."

Já a auxiliar administrativa Ana Paula Cumino, de 34 anos, pretendia pegar o trem para Itaquera. "Eles (os policiais) passaram por aqui e disseram que a estação ia abrir. Todo mundo correu para lá (portão da Praça da Luz), mas eu decidi ficar onde estou. Deve estar um inferno lá. Acho essa greve um absurdo."

Os metroviários e a direção do Metrô não chegaram a um acordo durante a audiência de conciliação ocorrida nesta tarde no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Em assembléia, os grevistas decidiram manter a paralisação.

O TRT vai julgar a greve do Metrô nesta sexta (3) ou na segunda-feira (6). Os metroviários pedem pagamento imediato de R$ 1,8 mil de participação nos lucros e resultados, mas o Metrô limitou a oferta em R$ 800 - o valor seria pago em setembro. O restante, que dependeria do fechamento do balanço dos lucros da companhia, seria pago em fevereiro de 2008.

Operação

De acordo com o Metrô, da Linha Azul começou a funcionar às 6h, sem nenhum tipo de restrição. Já a Linha Verde operou da Ana Rosa até as Clínicas. Normalmente o trecho vai da Vila Madalena até o Alto do Ipiranga. Por causa da greve dos metroviários, a linha não operou nas estações Vila Madalena, Sumaré, Imigrantes, Chácara Klabin e Alto do Ipiranga. As linhas 3-Vermelha e 5-Lilás não operaram em nenhum trecho.

Força-tarefa

Por causa da paralisação, a companhia organizou uma força-tarefa para colocar os trens em funcionamento nesta quinta-feira e evitar a paralisação total das atividades. Segundo o Metrô, instrutores, supervisores e ex-operadores (que hoje exercem outras funções na empresa) foram destacados para conduzir os trens.

Dois jornalistas da assessoria de imprensa do Metrô, por exemplo, foram destacados para conduzir os trens nesta manhã. Segundo a companhia, esses dois funcionários são capacitados porque já foram operadores de trem por cerca de dez anos antes de prestarem concurso interno e serem transferidos para a parte administrativa.

Outras paralisações

Esta é a terceira vez que os metroviários param neste ano. Em 23 abril, a categoria parou por duas horas contra a Emenda 3, que trata de contratação de pessoa jurídica sem vínculo empregatício. Em 14 de junho, foi por causa da campanha salarial. Os metroviários conseguiram 4,35% de reajuste e 3,09% nos benefícios. Desta vez, a greve é para aumentar a participação nos lucros da empresa.

"Nos últimos 12 anos negociamos com a empresa o pagamento da PLR como antecipação no semestre. E o semestre fechou em junho com pagamento em julho. A empresa se recusa a fazer essa antecipação. Quer fazer o pagamento somente a partir de fevereiro de 2008 e mesmo assim não atende à reivindicação de uma folha e meia de salário. Quer apenas uma folha de salário e mesmo percentual, privilegiando os salários mais altos da categoria", disse o diretor de comunicação do Sindicato dos Metroviários, Manuel Xavier Filho.

O secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, disse que os pagamentos passou a ser anual, sobre a arrecadação de janeiro a dezembro, e que o Metro já acertou a parte relativa ao ano passado. Disse também que neste ano, a empresa adiantou R$ 800.

"Driverless"

Portella disse nesta quinta que o Metrô vai investir em trens que transitam entre as estações sem necessidade de operador. As composições seriam controladas diretamente de uma central de operações.

"Vamos contratar mais 100 operadores que vão funcionar como uma força de emergência e vamos começar a atuar com carros driverless, isso é, carros que não exigem operadores, porque tem de acabar essa chantagem em São Paulo", disse Portella.

Portella disse que o sistema chamado de "driverless" (sem operador) é uma maneira de contornar as greves realizadas pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Ele classificou essas paralisações de "chantagem".

O diretor de operações do Metrô, Conrado de Souza, disse que os novos trens só devem entrar em operação a partir de 2010. A licitação para compras ainda não foi lançada.

850 mil

Segundo a assessoria de imprensa da CPTM, cerca de 850 mil passageiros usaram os trens que cortam a Capital e a Grande São Paulo, entre as 4h e as 13h. Em dias normais, entre 4h e meia-noite, a empresa transporta cerca de 1,5 milhão de pessoas. A empresa só vai ter números totais na manhã desta sexta-feira (3).

A frota está no máximo - 107 trens distribuídos em todas as linhas - e o horário de maior movimento foi estendido de 5h até 9h30, sendo que normalmente vai de 5h às 8h. Para o período da tarde, a companhia já iniciou o horário de pico, às 16h, que será estendido até as 21h - normalmente é das 17h às 20h.

Nas estações Brás, Barra Funda e Santo Amaro a integração gratuita está suspensa até o retorno da operação metroviária.

Por segurança, a Estação Corinthians-Itaquera permanece fechada enquanto durar a greve. A razão se dá pelo fato dos trens do Expresso Leste, que atendem a estação, já chegarem com um grande número de passageiros provenientes de Guaianazes e Tatuapé, não absorvendo o fluxo oriundo do Metrô. Por se uma estação terminal da Linha 3 Vermelha (Metrô), a estação Corinthians-Itaquera tem um movimento diário de mais de 80 mil pessoas. As opções para os usuários são as estações Dom Bosco ou Tatuapé, da CPTM.

Também prossegue o reforço no contingente de segurança em todas as estações, especialmente na Luz, Guaianazes, José Bonifácio, Dom Bosco, Tatuapé, Brás, Calmon Viana, Barra Funda e Santo Amaro.

Enquanto durar a greve, o Serviço de Atendimento ao Usuário (telefone 0800 055 0121) funcionará das 5h às 20h, o horário normal é das 7h às 19h. O serviço da Ponte Orca, que opera os trechos Barra Funda – Vila Madalena e Cidade Universitária – Vila Madalena continua interrompido até o fim da paralisação metroviária.

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