O Grupo Inepar, dono da empresa Iesa, que presta serviços no setor de óleo e gás em especial para a Petrobras, apresentou nesta segunda-feira (24) seu plano de recuperação judicial. O documento foi protocolado na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo.
Na semana passada, a Petrobras havia anunciado o rompimento de um acordo com a Iesa Óleo & Gás. A subsidiária, responsável por 74,5% de toda a receita do Grupo Inepar em 2013, é um dos alvos da fase mais recente da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Em 2012, a Petrobras firmou um contrato de US$ 720 milhões com a Iesa para a construção de módulos de plataformas de petróleo no município de Charqueadas, na região metropolitana de Porto Alegre. Em crise financeira, a empresa vinha atrasando compromissos e até o pagamento de funcionários. Com o rompimento do acordo, a companhia decidiu na semana passada demitir seus funcionários no complexo.
A formalização das dispensas ocorreria nesta segunda (24). A Justiça, no entanto, suspendeu as demissões no sábado e mandou a empresa manter todos os trabalhadores sob licença remunerada. A multa estabelecida, em caso de descumprimento, é de R$ 100 milhões. Segundo a juíza Lila Flores França, a demissão em massa não foi negociada e provocaria um "impactante" prejuízo comunitário.
Ainda nesta segunda (24), a Justiça também decidiu bloquear valores e sequestrar bens da Petrobras e da Iesa para garantir o pagamento dos funcionários que forem demitidos. O prefeito de Charqueadas, Davi Gilmar Souza (PDT), decretou calamidade pública devido ao fechamento da unidade da empresa.
Crise sem precedentes
"Os principais setores econômicos de atuação do Grupo Inepar atravessam crise sem precedentes na economia, o que vem prejudicando fortemente o desempenho das empresas do grupo", diz trecho do plano de recuperação judicial.
Segundo o documento, as medidas adotadas para a recuperação são "concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações do Grupo Inepar, reorganização societária, venda parcial de ativos e emissão de valores mobiliários".
"O Grupo Inepar busca superar sua crise econômico-financeira e reestruturar seus negócios, com o objetivo de preservar a sua atividade empresarial, mantendo sua posição de destaque como um dos maiores grupos econômicos do Brasil", afirma o plano.Até 2013, o Grupo Inepar possuía 11,6 mil colaboradores. Naquele ano, o grupo faturou mais de R$ 1 bilhão e contabilizou um passivo de cerca de R$ 3,5 bilhões. A Iesa Óleo & Gás atua na construção, montagem e manutenção de refinarias, gasodutos e oleodutos, bases de armazenagem de petróleo e combustíveis e plataformas de petróleo.
Administradores do grupo apontam "a grande diversidade e a fragmentação das atividades operacionais somadas ao cenário adverso no setor industrial, atrasos em projetos de infraestrutura e momento de aperto financeiro de seu principal cliente" como os principais fatores responsáveis por sua crise econômico-financeira, segundo laudo publicado pelo Grupo Inepar.
Procurado pela reportagem, o grupo afirmou que só iria se manifestar sobre o plano de recuperação judicial nesta quarta-feira (26).
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