O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), afirmou nesta terça-feira (19) que há um processo de corrupção generalizada no País que não se resume ao Ministério dos Transportes. O dirigente tucano condenou a distribuição dos ministérios entre os partidos aliados e o apoio do Planalto à criação de novos partidos, numa crítica indireta ao PSD. Ele conclamou, ainda, a presidente Dilma Rousseff a romper com essa prática governista. "Ela tem que ser a presidente do Brasil. Se não tem apoio nos partidos, peça ao povo que a elegeu", desafiou.

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Em meio a críticas sobre o esquema de corrupção que levou Dilma a determinar uma "limpeza" no Ministério dos Transportes, Guerra afirmou que existe uma "crise sistêmica" que não se concentra naquela pasta nem resulta das personalidades que o comandam, mas sim, da forma de se fazer política no País. "Não se pode dizer que (a crise) é do partido do Valdemar Costa Neto (PR), isso é uma brutal simplificação", alertou.

Guerra lembrou que o governo Dilma é uma "continuação" do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que ambos formaram o Ministério dos Transportes da mesma forma que os demais ministérios, indicando nomes encaminhados por lideranças políticas da base aliada. "Quem nomeou o ministro dos Transportes foi o Lula e a Dilma, quem manteve o ministro dos Transportes foi a Dilma e o Lula", relembrou.

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Para Guerra, além das demissões já anunciadas - e daquelas prometidas -, o governo tem de se empenhar na punição dos envolvidos no esquema de corrupção, lembrando que há nomes de petistas envolvidos. "O PT também estava dentro dos Transportes, como em quase tudo e com apetite enorme", afirmou o tucano, numa alusão indireta ao diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Hideraldo Caron.

O tucano aproveitou para alfinetar o apoio do Planalto à criação do PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que atraiu quadros da oposição, principalmente do DEM. "O que o governo faz é incentivar a criação de partidos que não são de esquerda, de centro, de direita nem de coisa nenhuma. Esse tipo de partido que se forma não sei pra quê e, na verdade, no final é para tomar cargos do governo", criticou.

Por fim, Guerra desafiou Dilma a romper com esse modelo de governo, que se alimenta de velhos vícios como o uso de cargos e liberação de emendas em troca de apoio político. Ainda segundo o tucano, se Dilma receia reduzir o leque de apoios da base aliada ela deve voltar-se para a população que a elegeu e governar segundo seu estilo próprio. "Ela (Dilma) tem que assumir o mandato dela, tem que tomar providências (quanto à corrupção). Não pode ficar com medo desse pessoal", concluiu.