O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou nesta quarta-feira(8) que a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de manter Cesare Battisti no Brasil, tomada no final do ano passado, em seu último dia de mandato, foi um ato soberano.

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Em sua manifestação oral, no julgamento sobre a extradição do ex-ativista italiano, nesta tarde, no Supremo Tribunal Federal (STF), Gurgel também criticou a posição adotada pela Itália, que acionou a Corte para tentar desconstituir o ato presidencial. "A decisão foi ato soberano do Brasil, e a tentativa da Itália de revertê-la, dentro do próprio Estado brasileiro, é afrontosa à soberania nacional", disse Gurgel.

Para o procurador, a Itália trouxe ao STF uma matéria que não se insere na jurisdição da Corte, que é o arbitramento de uma demanda entre o Brasil e a Itália. "Falta à República italiana a legitimidade para impugnar ou exercer controle de legalidade do ato do presidente da República, que negou a extradição".

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Ele lembrou que, no julgamento de 2009, em que o STF se posicionou pela extradição, a maioria dos ministros entendeu que a decisão não vincularia o presidente da República. "Considerada a solução dada à questão de ordem, de que o presidente não estava vinculado, parece evidente que, em momento algum, o STF determinou que se efetivasse a extradição".

O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, também defendeu o posicionamento de Lula e disse que o então presidente tinha liberdade para supor o que quisesse sobre o tratamento de Battisti na Itália, caso fosse extraditado. "O juízo hipotético é do presidente da República e ele tomou a decisão com elementos que lhe foram apresentados, que são verdadeiros". Adams disse ainda que não há razões que possam justificar a substituição da suposição do presidente da República por outro juízo de suposição.