O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta terça-feira, ao comentar a necessidade de regulamentação da lei que muda o indexador da dívida dos municípios, que o interesse da cidade está cima da questão partidária. “Já pagamos boa parte da nossa dívida. Todo prefeito, antes de ser de um partido, é o prefeito da sua cidade. Quando eu luto pela renegociação, eu luto pelo munícipe de São Paulo, que já pagou muito”, afirmou Haddad.
Renan cobra regulamentação da troca do indexador das dívidas estaduais
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), cobrou nesta terça (23) do governo federal a regulamentação da lei que troca o indexador das dívidas dos Estados e municípios.
Leia a matéria completaO prefeitura do Rio de Janeiro foi à Justiça para fazer as novas regras. Outros municípios, entre eles São Paulo, podem se apresentar como solidários na ação. A entrada da capital paulista na disputa judicial criaria uma crise no PT, já que a gestão Haddad é uma das vitrines do partido da presidente Dilma Rousseff. “O Rio é um caso especial porque a dívida era bem menor. O estoque da dívida acabou e qualquer coisa paga a mais seria indevida. Na impossibilidade da regulamentação sair no curto prazo, o prefeito entrou com essa medida para preservar o interesse da cidade. Estamos acompanhando o processo” disse Haddad.
O prefeito de São Paulo revelou ainda que as cidades afetadas pela não regulamentação da lei devem manifestar descontentamento à presidente Dilma Rousseff. “Os 180 municípios afetados pela lei estão muito preocupados. Vamos colegiadamente levar à consideração da presidenta a angústia de não ver a lei produzir os efeitos desejados pelo Congresso e por ela própria, que sancionou a lei no ano passado”.
A prefeitura gasta cerca de R$ 5 bilhões (13% de sua receita anual) por ano com o pagamento da dívida. A informação da administração municipal é que, quando o contrato foi assinado em 2000, a dívida da cidade era de R$ 11 bilhões. Desde então, foram pagos R$ 25 bilhões em amortização e o saldo pendente atinge hoje R$ 62 bilhões. A estimativa é que, com as novas regras, a dívida cairia para R$ 36 bilhões.
Já se as regras atuais forem mantidas, ao final do contrato de empréstimo em 2030, o saldo devedor poderia atingir R$ 170 bilhões, com um comprometimento de 30% da receita anual, de acordo com a gestão Haddad.