A entrada da Venezuela sob o governo Chávez representaria o aban­­­dono total das cláusulas do Mercosul, que exige, para começo de conver­­­sa, instituições demo­­­cráticas.

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No plano ideal, ne­­­nhum governo deveria interferir em trocas voluntárias entre indivíduos adultos, independentemente de sua nacionalidade. Deve-se ter em mente que nações não praticam comércio, e sim indivíduos e empresas de diferentes nações. Entretanto, uma vez que o comércio internacional já foi politizado, deve-se lutar ao menos para que ele não seja ideologizado.

Eis porque a Venezuela não deveria ser aceita no Mercosul. O acordo de "livre" comércio dos países sul-americanos já conta com inúmeras dificuldades, entre elas a falta de compromisso em relação às regras definidas. A entrada da Ve­­­ne­­zuela sob o governo Chá­­­vez representaria o abandono total das cláusulas do Mercosul, que exige, para começo de conversa, instituições democráticas. A Venezuela "bolivariana" mantém somente as aparências democráticas, caminhando cada vez mais rápido rumo ao modelo ditatorial cubano. O governo Chá­­vez não respeita os valores mais básicos do livre comércio em seu próprio país; seria muita ingenuidade crer que acordos multilaterais seriam respeitados.

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Chávez possui uma agenda geopolítica claramente definida, e o Merco­­­sul seria transformado num palco para este fim. Trata-se do desejo de criar a Alba (Al­­­ternativa Boliva­­­ria­­­­na para as Américas), como contraponto à Alca (Área de Livre Comércio das Amé­­­ricas). A integração comercial na região seria substituída pelo avanço dos governos sobre os mercados, justamente o oposto daquilo desejado inicialmente. O antiamericanismo ideológico passaria a dominar a agen­­­da do Mer­­­­cosul, prejudicando seus países membros.

À contramão dessa ideologização do comércio, países como Chile e Peru fizeram acordos bilaterais com os Estados Unidos, beneficiando suas economias. O governo brasileiro deve evitar as armadilhas ideológicas de Chávez, e seguir o bom senso. A Venezuela deve ser vetada no Mercosul.

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Rodrigo Constantino é economista.

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