Com relação a Delcídio, houve declarações mais fortes de dirigentes partidários que pediam uma posição mais clara do partido pela expulsão.| Foto: WALDEMIR BARRETO/WALDEMIR BARRETO

Estão reunidos em São Paulo os integrantes da Executiva Nacional do PT, além de outras lideranças do partido, como presidentes de diretórios estaduais, deputados, representantes da Fundação Perseu Abramo, além de líderes de movimentos sociais. A reunião extraordinária havia sido convocada para decidir o destino do ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), mas o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff roubou o foco da reunião.

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PT se divide sobre rito para expulsão de Delcídio, preso na Lava Jato

Reunido nesta sexta-feira (4) em São Paulo, o comando do PT se divide sobre o rito ideal para a expulsão do senador Delcídio do Amaral (MS). Uma corrente do PT defende sua expulsão sumária, enquanto outra ala recomenda que seja estabelecido um cronograma, com afastamento seguindo de julgamento na comissão de ética do partido. O presidente da sigla, Rui Falcão, é defensor da expulsão sumária.

O partido também redige uma nota para conclamação de seus militantes para defesa do governo federal.

Delcídio foi preso na Operação Lava Jato por suspeita de tentar atrapalhar as investigações do esquema de corrupção na Petrobras. Em gravação feita por Bernardo, filho do ex-diretor da estatal Nestor Cerveró, Delcídio e o advogado Edson Ribeiro -que também foi preso- discutiram uma forma de retirar Cerveró da prisão por meio de influência política no Supremo Tribunal Federal e, depois, retirá-lo do país pelo Paraguai.

Na nota, o partido também defenderá que o governo Dilma Rousseff leve a cabo as promessas de campanha da presidente, eleita em 2014. O partido tem criticado a política fiscal de Dilma. Integrantes do partido já pediram, inclusive, a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

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“Claro que não é mais o assunto principal”, afirmou o membro da Executiva, Carlos Árabe, integrante da corrente Mensagem ao Partido - segunda maior dentro do PT. Para Árabe, o PT vai tirar uma linha unificada de resposta ao pedido de impeachment que foi deferido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Vamos para a luta contra o golpe que é esse impeachment, pois não tem base legal e no fundo tem projetos de Brasil diferentes. Vamos mostrar a ilegalidade do golpe, porque se ele continuar vamos considerar como golpe”, disse Árabe.

O dirigente disse ainda que vai defender que o partido intensifique a pressão pela saída de Cunha da presidência da Câmara. “Quem lidera esse golpe é um cara sobre o qual, hoje, não restam dúvidas de sua condição moral.”

Os três integrantes do PT no Conselho de Ética que avalia a representação contra Cunha, Zé Geraldo (PA), Valmir Prascidelli (SP) e Léo de Brito (AC), foram convidados para participar da reunião.

O deputado Paulo Teixeira (SP) - que chegou a protocolar com outros parlamentares um recurso no STF contra a aceitação do pedido de impeachment por Cunha - também reforçou o discurso do partido de que se trata de uma tentativa de golpe. “O presidente da Câmara, que não tem menor condição de presidir a Casa, quer julgar uma pessoa honesta (Dilma), sem elementos jurídicos pra fazê-lo.”

Suspensão

Com relação a Delcídio, houve declarações mais fortes de dirigentes partidários que pediam uma posição mais clara do partido pela expulsão. Parlamentares, notadamente senadores do partido que eram colegas de Delcídio, mas também com apoio de deputados, defendiam uma postura mais comedida.

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De toda forma, a Executiva Nacional não tem poder para expulsar o senador sumariamente. A expectativa, portanto, é que ele seja suspenso e que seja aberto o processo interno no conselho de ética do partido. Por esse procedimento, Delcídio apresentaria sua defesa e poderia ser expulso da legenda após 60 dias.