O juiz Richard Francisco Chequini, do 1º Tribunal do Júri de São Paulo, decretou nesta sexta-feira segredo de Justiça no processo que investiga o assassinato do coronel Ubiratan Guimarães, encontrado morto no último domingo, dia 10, em seu apartamento, na zona sul de São Paulo. O pedido foi feito pelo Ministério Público , que quer garantir a privacidade dos investigados.
Também foi decretada a quebra de sigilo telefônico entre os dias 1º e 12 de setembro de 8 pessoas. São 12 linhas de aparelhos fixos e celulares do próprio coronel, da namorada dele, a advogada Carla Cepollina, e de mais seis pessoas ligadas a Ubiratan. Segundo um trecho despacho, "não se cuida de interceptação telefônica, mas sim e precisamente de quebra de sigilo sobre os dados constantes do próprio extrato de utilização das linhas". O juiz concedeu prazo de 60 dias para a conclusão das investigações.O coronel foi morto no sábado e a polícia já confirmou que as investigações apontam para um crime passional.
Carla Cepollina terá de entregar nesta sexta-feira o seu passaporte à polícia. Ela está proibida de deixar o país até que as investigações terminem. Segundo o advogado da família de Ubiratan, Vicente Cascione, Carla tem dupla cidadania e estaria se mobilizando para viajar para a Itália.
- Recebi essa informação e levei o caso para a polícia, para que alguma coisa fosse feita. Ela não pode deixar o país - diz Cascione.
A mãe de Carla, a também advogada Liliana Prinzivalli, nega que a filha pretendesse sair do país e diz que entregou o passaporte à polícia por vontade própria.
A polícia diz já ter elementos suficientes para pedir a prisão temporária da namorada do coronel da reserva e deputado estadual Ubiratan Guimarães. Porém, segundo o delegado Armando de Oliveira Costa Filho, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o pedido não será feito porque Carla não oferece obstáculos ao inquérito policial.
- A investigação já está na fase conclusiva e mostra que não há necessidade de pedir prisão temporária - afirma.
Apesar de estar próximo de concluir o inquérito, o delegado diz que prefere não falar em suspeitos do assassinato de Ubiratan. Segundo ele, a primeira fase das investigações deve terminar na próxima semana. Cinco pessoas estão prestando depoimento nesta sexta-feira.
A mãe de Carla, Liliana, diz que Carla não foi à casa do coronel no domingo porque sabia que ele iria a uma comemoração de um amigo, em Cotia, na Grande São Paulo.
- Toda vez que ele viajava costumava telefonar várias vezes para Carla - diz.
Liliana diz ainda que, no domingo à noite, quando amigos do coronel foram pedir a chave do apartamento dele para Carla, a filha não foi junto porque já era muito tarde.
- Eu mesma falei para não ir, porque quando ele chegasse em casa ia ligar - conta.
De acordo com Liliana, Carla não aumentou o volume da música que ouvia na casa do coronel quando a delegada de Polícia Federal, Renata Madi, ligou no sábado à noite. Renata é apontada como um dos vértices do triângulo amoroso que resultou na morte do coronel.
- A Carla tem o costume de ligar o som porque em casa sempre fizemos isso. Ela só deixou o telefone perto do aparelho porque foi avisar Ubiratan que a mesma pessoa que ele não queria atender estava ligando novamente - diz.
Ainda segundo a mãe, Carla teria pedido a Renata para ligar depois, porque naquele momento ele não podia falar. Em um entrevista coletiva à imprensa, Liliana Prinzivalli disse que a filha recebeu nesta quinta-feira uma ameaça de morte. Liliana apresentou à imprensa uma gravação telefônica onde um homem ameaça Carla de morte. Liliana chegou a apresentar o número do telefone de onde a ligação teria partido.
A delegada Renata Mazi depôs na quarta-feira na sede da Polícia Federal em Belém e confirmou o telefonema ao militar. Ela disse que ligou depois de receber uma mensagem de texto enviada por ele. O pai de Renata negou um romance da filha com o militar e usou como argumento a idade da filha, que tem 25 anos. Ubiratan tinha 63.
O advogado Cascione afirmou que Ubiratan mantinha um relacionamento com a delegada da Polícia Federal do Pará e havia rompido com Carla.
- Quem cometeu o crime já estava dentro do apartamento. Não há a menor dúvida de que a arma utilizada no crime era dele - afirmou o advogado Cascione.
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