Família critica lentidão da polícia
Revoltados com a demora na conclusão do inquérito, os pais de Gilmar Rafael Yared farão uma manifestação hoje para cobrar justiça. Ao meio-dia e às 17 horas, eles estarão no local do acidente, na esquina das ruas Monsenhor Ivo Zanlorenzi e Paulo Gorski, distribuindo adesivos aos motoristas. "Eu não sei se é proposital essa demora, mas não sei o porquê dessa embromação para entregar o inquérito", afirmou Cristiane Yared. Ela voltou a dizer que nunca foi procurada pela família Carli e criticou o posicionamento do ex-deputado depois do acidente. "É uma afronta ele querer voltar a se candidatar, escrever um livro. Isso machuca a família e a própria sociedade", lamentou.
Já a perita Joice Malakoski reconheceu a demora na conclusão dos laudos do acidente, mas pediu compreensão com as dificuldades enfrentadas pelo Instituto de Criminalística. "Somos em 95 peritos para atender o Paraná inteiro. Também queríamos ter uma resposta rápida para o caso, mas, hoje, todos que dependem da perícia criminal infelizmente enfrentam essa morosidade", declarou. (ELG)
Exatamente três meses depois do acidente que envolveu o ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho e deixou dois jovens mortos em Curitiba, o inquérito policial parece estar perto do fim. Segundo uma das peritas responsáveis pela produção dos dois laudos que faltam ser anexados à investigação, os documentos devem chegar às mãos do delegado Armando Braga de Moraes, no máximo, até terça-feira. Depois de receber os laudos, Braga revelou que pretende finalizar o inquérito e remetê-lo ao Ministério Público (MP) até o fim da próxima semana.
O prazo para a conclusão do inquérito se encerraria hoje, mas o delegado chegou a um consenso com o MP para estender a investigação por mais alguns dias, já que continua na dependência dos laudos do Instituto de Criminalística o acordo evitou que o período para o término do inquérito fosse prorrogado pela terceira vez. Um dos laudos pendentes trará um levantamento do local do acidente, que aconteceu no bairro Mossunguê, e uma análise técnica da colisão. Entre as informações do documento, estará a velocidade em que Carli dirigia no momento da batida. "Não posso adiantar a conclusão dos laudos, porque o delegado ainda pode querer fazer novas diligências", disse a perita Joice Malakoski. O outro laudo apresentará um exame das imagens captadas pelas câmeras de um posto de gasolina que fica na esquina do local do acidente.
De acordo com as conclusões preliminares dos peritos que realizaram a reconstituição da batida, o carro do ex-parlamentar "decolou" pelo menos dez metros antes da colisão e, para isso, teria de estar a uma velocidade mínima de 120 quilômetros por hora na pista. Já uma perícia particular contratada pela família de um dos jovens mortos determinou que Carli dirigia a 191,52 quilômetros por hora e que as imagens do posto repassadas à polícia foram adulteradas, para suprimir trechos que mostram o carro do ex-deputado.
Relembre o caso envolvendo o ex-deputado estadual Carli Filho
À reportagem, o delegado disse que ainda não teve acesso aos laudos. Já o advogado Elias Mattar Assad, que representa os familiares de uma das vítimas, afirmou que a velocidade apontada pelos peritos é "muito expressiva". "Não tenho como dar mais detalhes por sigilo de Justiça, mas posso garantir que é uma velocidade alta, não muito longe do que conclui nossa perícia particular", declarou.
A tragédia
O acidente ocorreu na madrugada do dia 7 de maio e provocou as mortes de Gilmar Rafael Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20. O ex-deputado dirigia embriagado, segundo laudo do Instituto Médico-Legal (IML), e com a habilitação suspensa desde julho do ano passado, porque acumulava 130 pontos na carteira. Pressionado devido à repercussão do caso, Carli foi o primeiro parlamentar da história da Assembleia Legislativa a renunciar ao mandato, no dia 29 de maio.
Em depoimento ao delegado, ele disse não se lembrar de nada do dia da batida, mas acabou indiciado por homicídio com dolo eventual quando o agente assume o risco de produzir o resultado. Assim que o inquérito for concluído, ele será remetido ao MP, que poderá denunciar ou não o ex-parlamentar.
Colaborou Karlos Kohlbach
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