Atualizado em 14/11/2006, às 19h10

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O vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), o sub-relator Fernando Gabeira (PV-RJ) e a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) apresentaram na tarde desta terça-feira à Mesa da Câmara uma consulta para saber se é possível prorrogar por um mês os trabalhos da CPI, previstos para terminarem no dia 19 de dezembro. A comissão investiga o esquema de compra superfaturada de ambulâncias.

Segundo Jungmann, a consulta é necessária porque existe uma diferença entre o que determinam os regimentos internos da Câmara e do Senado sobre o funcionamento de CPIs durante períodos de recesso parlamentar. O da Câmara permite, mas o do Senado, não. Como a CPI é mista, os parlamentares que pretendem pedir sua prorrogação querem esclarecer a divergência.

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Segundo Gabeira, se a prorrogação for possível, o grupo interessado em continuar investigando terá ainda de recolher assinaturas de 1/3 dos parlamentares da Câmara e do Senado. Os três estão preocupados com a falta de avanços da CPI nas investigações sobre a origem do dinheiro que seria utilizado para comprar um dossiê contra políticos tucanos e das ramificações da quadrilha especializada em vender ambulâncias superfaturadas nas prefeituras e dos Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia.

Nesta terça, por determinação do presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), mais uma reunião administrativa da comissão, na qual seriam votados requerimentos que ajudariam nas investigações, foi cancelada.

Segundo Jungmann, Biscaia estava no Rio de Janeiro e não conseguiu embarcar para Brasília. Gabeira, que na véspera esteve com o delegado Diógenes Curado (responsável pelas investigações da PF sobre o caso), explicou que a reunião seria importante para que a comissão pudesse aprovar requerimentos para a convocação de testemunhas necessárias para a apuração sobre o dossiê.

Ele citou como exemplo Hamilton Lacerda, ex-assessor do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), identificado pela PF como quem teria levado o R$ 1,7 milhão para o policial aposentado Gedimar Passos e o empresário Valdebran Padilha; o ex-presidente do PT, Ricardo Berzoini (PT-SP), e o ex-diretor do Banco do Brasil, Expedito Veloso.

Gabeira classificou também como um sucesso a descoberta pela PF da corretora Vicatur em Nova Iguaçu (RJ), de onde saíram US$ 79,8 mil dos US$ 248 mil apreendidos com Gedimar e Valdebran num hotel em São Paulo. Segundo ele, a polícia deve continuar investigando a Vicatur. O deputado considerou necessária, ainda, a convocação do piloto do avião quer teria transportado o dinheiro, Tito Lívio, que é funcionário do governo do Mato Grosso do Sul, mas não disse isso em seu depoimento à PF. O estado é governado pelo petista Zeca do PT.

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Deputado apresenta atestado e não depõe

O Conselho de Ética da Câmara cancelou o depoimento do deputado Vieira Reis (sem partido-RJ), marcado para a manhã desta terça-feira, porque o parlamentar apresentou atestado médico justificando sua ausência. Não foi marcada nova data para o depoimento de Vieira Reis, acusado de envolvimento com a máfia das ambulâncias.

O deputado é acusado de apresentar emendas ao Orçamento para beneficiar o esquema de compra de ambulâncias superfaturadas para municípios. Ele foi denunciado pela CPI dos Sanguessugas.

O empresário Luiz Antônio Vedoin, acusado de chefiar a máfia, disse que conheceu o deputado em 2003 e que acertou com ele o pagamento de uma comissão de 10% sobre o valor de cada emenda de sua autoria que fosse executada por intermédio de empresas do esquema das sanguessugas.

Vieira Reis disse que o relatório da CPI Sanguessugas tem "vícios insuperáveis", por não ter levado em consideração a sua defesa apresentada à própria CPI. O texto, segundo ele, foi baseado em acusações "mentirosas" e sem provas de Vedoin, que teria tentado "extorquir dinheiro deputados e autoridades".

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