O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), nomeou nesta quinta-feira (28) a sua mulher, Carolina de Oliveira Pimentel, como secretária de Trabalho e Desenvolvimento Social. A medida, na prática, pode fazer com que possíveis processos contra ela na Operação Acrônimo da Polícia Federal sejam julgados pelo Tribunal de Justiça mineiro, e não pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A mudança é prevista em dois artigos da Constituição do Estado, que dão ao tribunal a competência de julgar crimes comuns e de responsabilidade de secretários. Ao voltar para o TJ, ela teria oportunidade de apresentar maior quantidade de recursos.
Carolina é investigada na Acrônimo sob suspeita de ter recebido, por meio de sua empresa, a Oli Comunicação, valores que na verdade teriam sido transferidos para a campanha do governador em 2014. Em maio do ano passado, uma antiga residência dela foi alvo de busca e apreensão.
A Oli também recebeu pagamentos milionários de empresas que firmaram contratos com o BNDES, segundo a PF. Esses repasses teriam ocorrido entre 2012 e 2014, período em que Pimentel era ministro do Desenvolvimento – pasta ao qual o banco é vinculado.
A primeira-dama ainda é suspeita de ser sócia oculta da agência Pepper, ligada ao PT, cuja dona Danielle Fonteles fechou acordo de delação premiada.
No último dia 11, Pimentel foi indiciado pela PF sob suspeita de corrupção passiva, tráfico de influência, organização criminosa e lavagem de dinheiro. No dia 15, o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, suposto operador do esquema, foi preso em Brasília.
Em Minas, a oposição já estuda meios de entrar na Justiça contra a nomeação, que classifica como “desvio de finalidade” para ajudar a primeira-dama judicialmente.
Após a posse de Pimentel, Carolina assumiu o Servas, serviço de assistência social ligado ao Estado. Ela estava de licença-maternidade depois do nascimento de sua primeira filha com o governador, em 8 de dezembro.
A defesa do governador e da primeira-dama sempre negaram ter cometido qualquer irregularidade. Procurado, o governo de Minas Gerais ainda não se manifestou.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura