O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Gilberto Carvalho, afirmou nesta terça-feira (29) que a abertura de um procedimento administrativo disciplinar para investigar a conduta da ex-chefe de gabinete da presidência em São Paulo, Rosemary Noronha, é "natural". "Toda vez que ocorre um problema na gestão pública, eu sempre tenho dito que a única hipótese de (o caso) não ser investigado no nosso governo é não ter erro", disse.
Rosemary Noronha perdeu o posto após denúncias da Operação Porto Seguro, deflagrada em 23 de novembro do ano passado pela Polícia Federal (PF). Essa operação foi realizada com o fim de desarticular organização criminosa que se infiltrou em diversos órgãos federais para a obtenção de pareceres técnicos fraudulentos com o fim de beneficiar interesses privados.
Carvalho, que mais cedo criticou governos anteriores por "esconder problemas embaixo do tapete", voltou a defender a gestão petista. "Não que haja mais corrupção no Brasil. É que tudo aquilo que ficava embaixo do tapete agora não fica mais. Vêm à tona porque as instituições não só estão funcionando, como elas têm o apoio para que funcionem contra quem for, doa a quem doer", disse.
Para o ministro da Secretaria-Geral, mais do que influência da oposição, o movimento de investigar integrantes do governo é uma nova cultura que o País vivencia. "É um amadurecimento da democracia, mas também a coragem dos governantes de respeitar as instituições, fortalecê-las, não pedir delas nenhum tipo de favor. Isso vale, eu espero, em qualquer esfera: municipal estadual ou federal", afirmou.
Por ordem do ministro Jorge Hage, a Controladoria-Geral da União (CGU) abriu na segunda-feira (28) processo administrativo disciplinar contra os servidores públicos investigados pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal. O caso foi encaminhado ao órgão pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que havia instaurado sindicância para apurar o envolvimento de funcionários do governo na venda de pareceres técnicos para empresas.
Entre os investigados estão Rosemary Noronha, ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo; José Weber Holanda, ex-número 2 na hierarquia da Advocacia-Geral da União (AGU); e os irmãos Paulo e Rubens Vieira, ex-diretores das Agências Nacional de Águas (ANA) e Nacional de Aviação Civil (Anac), respectivamente.