Operação Xeque-Mate
Gravações da PF indicam que Lula sabia da ação de Vavá
Lula não deve se pronunciar sobre escutas
Lula diz que combate à corrupção dói, mas culpados serão separados de inocentes
Genival Inácio da Silva, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aparece em 16 gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Xeque-Mate, que investiga a exploração de caça-níqueis.
Vavá, como é conhecido o irmão de Lula, foi flagrado usando o nome do presidente para conseguir dinheiro de Nilton Cezar Servo, apontado pela polícia como chefe da suposta máfia.
A PF divulgou que, até o momento, não há comprovação de que Vavá teria conseguido interferir em qualquer decisão do governo ou que tenha recebido dinheiro e que Lula não tem nenhuma participação no episódio. A assessoria do Palácio do Planalto informou que o presidente não irá se pronunciar oficialmente sobre a divulgação dos grampos.
Vavá foi indiciado por tráfico de influência e exploração de prestígio. A PF havia pedido a prisão do irmão de Lula, mas a Justiça negou. Ao todo, 80 pessoas foram presas na operação deflagrada na última segunda-feira (4). Em entrevista ao G1, Edson Inácio da Silva, filho de Vavá, voltou a negar que seu pai tenha ligação com o esquema. Ele também disse que Vavá não comentar os grampos da Polícia Federal.
"Meu pai não falou em máquina de caça-níqueis. Pelo o que eu vi na imprensa, ele disse apenas 'máquinas'. É difícil a gente comentar um assunto sem ter o conteúdo inteiro das fitas. Induz ao erro", disse Edson. "Ele só vai falar quando tivermos todas as informações". Escutas telefônicas
No entendimento da Polícia Federal, Vavá teria usado o nome de Lula em uma conversa com Nilton Cezar Servo no dia 25 de março deste ano.
"O homem teve aqui hoje", afirma Vavá. "Passou aqui, ficou uma hora e meia aqui". No entendimento da PF, o "homem" citado por Vavá no início da conversa seria o presidente Lula.
Na seqüência do diálogo, Servo pergunta: "Falou com você?". Vavá responde: "Conversou. Eu falei pra ele sobre o negócio das máquinas lá. Ele disse que só precisa andar mais rápido, né, bicho?"
No decorrer da conversa gravada pela PF, Servo responde com um comentário em que cita nominalmente o presidente da República. "Com certeza, meu irmão", diz Servo. "Lula é meu irmão."
"Ele esteve em sua casa hoje?", pergunta Servo. "Veio, veio, veio", responde Vavá. O irmão de Lula repete a afirmação de que falou sobre "o negócio das máquinas".
Em outra gravação, no dia 22 de março, Servo fala sobre Vavá com Dario Morelli Filho, compadre do presidente Lula.
"Bem que você falou, aquele velho é picareta mesmo, viu?", diz Servo. Morelli pergunta de quem ele está falando.
"O Vavá, cara de pau (...) Ele é cara de pau", diz Servo. "Eu falei pra você, esse não presta", responde Morelli.
"Ele é irmão do cara", afirma Servo. "Dá vontade de falar pro titio. Falar para o titio: oh, precisa falar para seu irmão parar de ficar pedindo dinheiro para os outros", responde Morelli na gravação. "Não fala, não", diz Servo.
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