A Polícia Federal e o Ministério Público Federal levantaram pelo menos mais dois casos em que o advogado Virgílio Medina teria negociado decisões favoráveis para terceiros, em dois processos que estariam sob o crivo de seu irmão, o ministro Paulo Medina, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob investigação pela Operação Hurricane (Furacão, em inglês).

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Segundo reportagem publicada pelo jornal "O Globo" nesta segunda-feira, em um deles, Virgílio teria usado como fachada o escritório de advocacia Gueiros, Pitta Lima e Ferreira de Brasília, do qual seria sócio oculto.

O relatório da PF diz ainda que um dos clientes do escritório beneficiado pelo esquema teria sido um grande banco privado. "O Globo" apurou que o processo diz respeito a uma disputa em torno de um contrato de aluguel de um prédio no Centro do Rio, onde por anos funcionou uma das agências da instituição financeira. Na ação, o banco briga com a dona do imóvel, a empresária Myrthes Fortes Ribeiro Couto, que alega ter direito a uma indenização de R$ 90 milhões.

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Os advogados Alexandre Baptista Pitta Lima e Marcelo Jaime, sócios do escritório Gueiros, Pitta Lima e Ferreira, não foram encontrados ontem para comentar as acusações. Em outro processo citado no relatório da PF, Virgílio teria tentado obter uma redução de pena para o ex-superintendente da Polícia Federal do Rio, Edson Oliveira.

Em 2006, quando era relator da reclamação 2079, de Myrthes, o ministro Paulo Medina deu parecer favorável à proprietária. No entanto, pouco depois, mudou seu voto transformando Mhyrtes de credora a devedora. Para polícia, esta é uma evidência da atuação de Virgílio como lobista.

Nenhum representante do banco foi localizado para falar sobre a briga judicial. Já Myrthes disse que, ao saber do envolvimento do ministro Paulo Medina com as investigações da Operação Hurricane, decidiu encaminhar uma denúncia sobre seu caso ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza.

O relatório da PF também diz que Virgílio é sócio oculto do escritório e que sua presença oficial geraria o impedimento da atuação de seu irmão como magistrado no caso.

Entre os documentos da investigação, está um envelope contendo dados da reclamação 2079 encaminhados a Virgílio no dia 4 de maio de 2006. Na seqüência, há um cartão de apresentação do ministro Paulo Medina anexado a um manuscrito com a seguinte anotação: "Aos amigos MARCELO e VÍTOR 1- Encaminhar pedido de inscrição p/ ministro PAULO MEDINA no endereço do cartão anexo".

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Na última sexta-feira, o Supremo Tribunal Federal (TSF) notificou o irmão do ministro, o advogado Virgílio Medina, que também foi preso durante a Operação Hurricane .

No sábado, o advogado do ministro Paulo Medina, Antônio Carlos de Almeida Castro, informou que seu cliente já admite afastar-se por conta própria, para não constranger o Superior Tribunal de Justiça (STJ).