O ministro de Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, pediu à União Europeia que intervenha para ajudar a Itália a obter do Brasil a extradição de Cesare Battisti.
Frattini disse em uma entrevista publicada neste domingo no diário Il Giornale que a UE pode ter justificativas do ponto de vista legal, ao alegar não ter responsabilidade em assuntos de extradição, como vem fazendo, "mas a questão é política".
"Desta vez está acontecendo conosco, mas se amanhã Brasil ou Indonésia se recusarem a extraditar para a Alemanha um terrorista do Baader Meinhof, como deveríamos nos comportar?", perguntou.
Battisti, de 54 anos, foi preso por assassinato na Itália nos anos 70, quando era membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). Ele escapou em 1981 e morou na França, mas fugiu novamente quando o governo francês aprovou sua extradição em 2006. Depois, foi preso no Brasil.
A decisão do Brasil de conceder no mês passado status de refugiado político a Battisti desencadeou protestos diplomáticos da Itália, que o qualifica de "terrorista". Battisti foi condenado por dois assassinatos antes de sua fuga e é acusado de outros dois homicídios.
A Itália apelou à Justiça do Brasil, que vai agora decidir sobre o caso, mas Frattini disse que a UE deveria também exercer pressão diplomática sobre o país.
Ele afirmou que a explicação do Brasil para recusar a extradição --que Battisti pode não conseguir um julgamento justo na Itália e corre o risco de ser processado por suas opiniões políticas-- levantou dúvidas sobre as credenciais democráticas de um país da UE.
"Pode Bruxelas (a sede da Comissão Europeia) permanecer silenciosa diante desta posição?, questionou Frattini. "E se amanhã fosse a vez da Bélgica ou da Polônia, como nós (a UE) iríamos nos comportar?"
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