| Foto: Tereze Neuberger/Jornal de Brasília/Arquivo

O Itamaraty publicou, na edição do Diário Oficial da União desta terça-feira (14), a exoneração do diplomata Milton Rondó Filho de seu cargo comissionado como coordenador-geral de ações internacionais de combate à fome.

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A perda do cargo comissionado - Rondó continua servidor do ministério - ocorre quase três meses após o diplomata ter sido advertido pelo órgão por enviar circulares telegráficas a postos e embaixadas brasileiros no exterior com mensagens alertando sobre uma tentativa de golpe contra a presidente Dilma Rousseff.

À época, o processo de impeachment ainda não havia sido aberto pela Câmara, e a presidente Dilma ainda estava à frente do Executivo.

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Em duas circulares emitidas em março, Rondó pede que os postos designem um servidor para “apoiar o diálogo” entre o Itamaraty, a sociedade civil brasileira e a sociedade civil estrangeira, e retransmite mensagens de organizações brasileiras contra o processo do impeachment.

Um dos comunicados de organizações retransmitidos inicia clamando por “resistência democrática”, “conclama a sociedade para a luta conjunta pela democracia” e termina com “não ao golpe! Nossa luta continua!”.

Logo após a emissão das circulares, o próprio Itamaraty enviou uma mensagem aos postos pedindo para que as mensagens de Rondó fossem desconsideradas.

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Já sob nova direção, agora do ministro José Serra (Relações Exteriores), o Itamaraty enviou nova circular a embaixadores brasileiros no mundo com instruções para “combater ativamente” acusações de que o processo de impeachment de Dilma tenha sido “golpe”.

Nesta circular, foram reunidos trechos de notas de chancelarias de outros países que questionaram a legitimidade do impeachment.

“Declarações vagas e sem fundamento sobre a inobservância da legislação brasileira [...] sobretudo emanadas de autoridades governamentais ou de dirigentes de organismos internacionais, precisam ser enfrentadas com rigor e proficiência, a fim de evitar que continuem a fomentar dúvidas infundadas sobre a lisura do processo político no Brasil”, diz a circular do gabinete de Serra. “Não é admissível que o processo de impeachment seja assemelhado a ‘manobras’ ou ‘farsas políticas’.”

A reportagem procurou a assessoria de imprensa do Itamaraty sobre a exoneração de Rondó, mas não obteve resposta.