Com o agravamento da crise política levando o dólar a ultrapassar a marca de R$ 3,50, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) decidiu suspender o pagamento de diárias a servidores do Palácio do Planalto devido à “excessiva desvalorização do real frente ao dólar”, conforme e-mail de circulação interna obtido pela Agência Estado.
Em abril, a reportagem já havia apontado atrasos no pagamento de diárias, com servidores recebendo o pagamento até quatro meses depois de viagens internacionais da presidente Dilma Rousseff. Agora, com a desvalorização cambial, a situação piorou. Os constantes atrasos no pagamento levaram a equipe que assessora a presidente encher malas com biscoitos e macarrão instantâneo para poupar gastos durante o tour de Dilma no exterior.
‘São infundados os boatos de que deixei a articulação política’, diz Temer
Leia a matéria completaMinistros negam que Temer deixará articulação e rechaçam impeachment
Leia a matéria completa“Tendo em vista a excessiva desvalorização do real frente ao dólar, informo que foi suspenso o pagamento previamente agendado para a próxima segunda-feira, dia 10/08”, escreveu o secretário Éderson Luís Trevisan, da Divisão de Pagamentos do MRE. O pagamento em questão diz respeito à viagem da presidente à Cidade do Panamá, em 10 de abril, para participar da Cúpula das Américas.
Em e-mail anterior, o MRE havia informado que não poderia efetuar o pagamento no último 7 de agosto porque “o Banco do Brasil alertou que não há divisas suficientes para o pagamento”. “Viajar com Dilma virou um inferno”, desabafou um servidor, que solicitou anonimato.
‘Ninguém vai tirar a legitimidade que o voto me deu’, diz Dilma em discurso
Leia a matéria completaA troca de mensagens obtida pela reportagem escancara que a crise financeira não tem poupado nem o pagamento de servidores que assessoram diretamente Dilma em compromissos de trabalho mundo afora.
Rotina
Em resposta à reportagem, o Itamaraty alegou que o pagamento teve de ser suspenso até que “se possa obter novo provisionamento da setorial orçamentária” e minimizou o episódio, tratando-o como “questão rotineira relativa a fluxo de pagamentos”.
De acordo com o Itamaraty, a referência à “desvalorização excessiva” foi feita sem haver “qualquer juízo de valor a respeito da cotação do real frente ao dólar, que foge a competência da Divisão de Pagamentos”. No momento da elaboração do Projeto de Lei Orçamentária, o câmbio utilizado foi de R$ 2,40, destaca o Itamaraty.
Deixe sua opinião