Em Israel para receber o título de doutor honoris causa da Universidade Hebraica de Jerusalém, outorgado neste domingo (31), o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, disse que “política no Brasil se tornou uma coisa desagradável”.

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Até que ponto as ideologias pesam nos julgamentos do STF?

Profissionais do direito afirmam que as crenças dos magistrados não podem interferir na maneira como é feita a interpretação da Constituição

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Vem dessa avaliação sua falta de vontade para disputar qualquer cargo eletivo. “Nada em vida pública me encanta mais”.

Para Barbosa, que se tornou célebre com o julgamento do mensalão, o país “aprendeu muito” com o escândalo que financiava deputados da base aliada do PT com recursos desviados de contratos públicos.

“No Brasil, os operadores do sistema de Justiça têm mecanismos de defesa. Juízes têm garantias de independência muito forte. O Ministério Público também, sem interferência de governo”, disse Barbosa.

Ele, no entanto, se recusa a falar sobre o julgamento que lhe trouxe fama: “Quanto ao mensalão, isso é coisa do meu passado. Agora estou em outra”.

Barbosa afirmou não acompanhar as apurações da Operação Lava Jato, sobre desvios na Petrobras. Disse, no entanto, não acreditar que o mensalão teria tido um final diferente caso houvesse tantos casos de delação premiada como ocorre atualmente. “São momentos diferentes”.

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O ministro aposentado, que abriu uma empresa de palestras e tem se apresentado no Brasil e no exterior desde que deixou o cargo em 2014 após 11 anos de Supremo, afirmou que os críticos do Judiciário “esperneiam”, mas não vão conseguir que ele deixe de cumprir seu papel de vigia do poder.

“Existe instituições que são permanentes, independem de que esteja ali no momento político e assume o poder temporariamente. Ele tem que ser vigiado”.

Barbosa foi escolhido para receber o título honoris causa, o primeiro internacional de sua carreira, juntamente com o ex-presidente de Israel Shimon Peres, o ministro do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e o presidente do Museu do Holocausto, Avner Shalev.

Barbosa, que foi indicado pela Sociedade Brasileira dos Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém para receber o título de doutor, foi descrito pelos organizadores como “proeminente figura pública cuja história do triunfo sobre a desigualdade e a firme oposição à corrupção tem inspirado milhões”.