O ministro da Defesa, Nelson Jobim, de 64 anos, foi confirmado no cargo para o governo da presidente eleita Dilma Rousseff após as operações de combate ao tráfico no Rio de Janeiro, que receberam o apoio do governo federal por meio do envio de militares das Forças Armadas, policiais federais e equipamentos como tanques e helicópteros.
No Ministério da Defesa, Jobim está envolvido com o processo de compra de caças pelo para a Força Aérea Brasileira (FAB), um negócio que pode chegar a US$ 10 bilhões. Caças franceses, suecos e norte-americanos disputam o contrato. O assunto é uma das pendências deste final de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Jobim assumiu a pasta em julho 2007, no meio de uma crise da aviação civil, em substituição ao então ministro, Waldir Pires. Após meses de caos aéreo com atrasos e superlotação nos aeroportos e acidentes graves Lula nomeou o peemedebista para estancar a crise.
Na Defesa, Jobim logo deu o tom de seu estilo: "Nunca se queixe, nunca explique, nunca se desculpe. Aja ou saia. Faça ou vá embora", disse, na cerimônia de transmissão de cargo. O ministro demitiu o presidente da Infraero e nomeou uma nova direção para a Anac.
Durante sua gestão, Jobim enfrentou outra crise, desta vez, interna. Ele cogitou pedir demissão do ministério quando o governo apresentou o decreto que propunha a criação da Comissão Nacional da Verdade, que investigaria violações aos direitos humanos durante a ditadura militar.
Os comandantes militares e Jobim consideraram que o documento abria a possibilidade de revisão da Lei de Anistia, de 1979, que perdoou os que cometeram crimes praticados por motivação política durante o regime militar, tanto de agentes da repressão como de militantes de esquerda.
Jobim e os comandantes militares também criticaram o decreto por não incluir a investigação de excessos praticados por grupos da esquerda armada. Após a polêmica, o governo publicou um novo decreto, construído em acordo com o Ministério da Defesa e a Secretaria de Direitos Humanos, em que a expressão "violação dos direitos humanos" não era associada à repressão política.
Carreira política
Jobim começou a carreira política na década de 80, quando se elegeu deputado federal pelo PMDB gaúcho. Depois, foi eleito para outros dois mandatos consecutivos na Câmara dos Deputados, em 1986 e 1990.
Foi líder do PMDB na Câmara em 1988, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (1989) e relator da revisão constitucional (93-94).
Após deixar o Congresso, aceitou o convite do então presidente Fernando Henrique Cardoso para assumir o Ministério da Justiça. O peemedebista exerceu o cargo entre 1º de janeiro de 1995 e 7 de abril de 1997.
Jobim deixou o ministério após ser nomeado por FHC ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em abril de 1997. Em 2001, tomou posse como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Três anos depois, assumiu a presidência do STF. Em março de 2006, deixou o tribunal.
Em 2007, chegou a lançar candidatura à presidência do PMDB, mas, após pressão de setores da legenda, desistiu poucos dias antes da eleição e abriu caminho para a reeleição de Michel Temer (SP) para o comando do partido.
O ministro da Defesa nasceu em Santa Maria (RS). É formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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