Nelson Jobim pediu demissão nesta quinta-feira do cargo de ministro da Defesa, em meio a uma série de declarações polêmicas sobre o governo de Dilma Rousseff, e o ex-chanceler Celso Amorim assumirá o posto, informou a Presidência da República. A permanência de Jobim no cargo, que já era dúvida, ficou insustentável após entrevista à revista Piauí, antecipada pelo jornal Folha de S.Paulo, na qual ele teria afirmado que a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, "é fraquinha" e que Gleisi Hoffmann, titular da Casa Civil, "nem sequer conhece Brasília". Jobim, que nega as declarações, estava no Amazonas e antecipou seu retorno a Brasília após ligação da presidente, segundo uma fonte do Executivo à Reuters. À noite, em encontro que durou menos de cinco minutos, segundo a Presidência, entregou sua carta de renúncia, cujo conteúdo não foi divulgado. A decisão da presidente de não seguir com o ministro, no entanto, já havia sido tomada mais cedo nesta quinta. As declarações de Jobim causaram "irritação" no Planalto, conforme disse uma outra fonte à Reuters mais cedo. O sentimento se agravou especialmente por Jobim ter se reunido, na véspera, com a própria Dilma. Para substituí-lo, a presidente optou por Amorim, ex-ministro de Relações Exteriores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Filiado ao PT, Amorim ficou à frente do Itamaraty durante todo o governo Lula. Com a renúncia de Jobim, já são três os ministros a deixar o governo em sete meses: Antonio Palocci saiu da Casa Civil em junho e Antonio Nascimento deixou o ministério dos Transportes em julho. Ministro polêmico A declaração de Jobim à Piauí selou uma situação que já gerava desconforto no Planalto, causada por outras opiniões polêmicas sobre o governo. Em junho, durante as comemorações dos 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Jobim fez um discurso no qual elogiou FHC, disse que "hoje os idiotas perderam a modéstia" e que atualmente tinha que tolerá-los. Na semana passada, Jobim reconheceu em entrevista à Folha e ao portal UOL ter votado no tucano José Serra, adversário de Dilma nas eleições presidenciais do ano passado. Nesta tarde, diante da repercussão da entrevista à revista, Jobim negou as críticas a Ideli. "Em momento algum fiz referência a ela dessa natureza", disse ele, segundo nota do Ministério da Defesa. Segundo a nota, Jobim classificou as notícias veiculadas na mídia como "parte de um jogo de intrigas" e uma tentativa de desestabilizá-lo. "Isso faz parte daquilo que passa pela cabeça de quem não conhece a necessidade de um país", afirmou. Ministro próximo do presidente no governo de Lula, Jobim viu Dilma suspender uma de suas maiores prioridades à frente da Defesa, a compra de novos caças para a Força Aérea Brasileira.
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Copom aumenta taxa de juros para 12,25% ao ano e prevê mais duas altas no próximo ano
Eleição de novo líder divide a bancada evangélica; ouça o podcast
Deixe sua opinião