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Tomar dinheiro em bancos, usar como garantia contratos com governos e repassar recursos a candidatos é um esquema que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser o operador do mensalão do PT, comanda há pelo menos sete anos. A direção nacional do PT recorreu ao chamado valerioduto logo depois das eleições de 2002, provocando a pior e mais grave crise do governo Lula. Marcos Valério, porém, já tinha feito uma triangulação parecida em 1998 com a coligação que apoiava o tucano Eduardo Azeredo, candidato à reeleição no governo Minas Gerais, como mostram documentos obtidos pelo jornal "O Globo" e revelados em reportagem na edição desta terça-feira. Atualmente, Azeredo é senador e presidente nacional do PSDB.

Em 19 de agosto de 98, a agência DNA Propaganda, de Marcos Valério, contraiu um empréstimo de R$ 11,7 milhões no Banco Rural, em Belo Horizonte. É o mesmo banco envolvido, sete anos depois, no escândalo com o PT. A agência de publicidade ofereceu como garantia os créditos decorrentes de contratos assinados com as secretarias de Estado de Comunicações e de Governo de Minas Gerais para a produção e a veiculação de peças publicitárias. A previsão era de que o empréstimo seria pago em 28 de outubro (três dias depois do segundo turno das eleições), com juros de 1,55% ao mês.

Logo em seguida, uma outra empresa de Marcos Valério, a SMP&B, repassou dinheiro para pelo menos 70 políticos ou pessoas ligadas a políticos mineiros que pertenciam à coligação que apoiava Eduardo Azeredo. Os repasses, somados, ultrapassam R$ 1,6 milhão.

Constam da lista de beneficiados dez deputados estaduais de Minas, que tiveram mandatos nas duas últimas legislaturas, e dois prefeitos do interior do estado: Marcelo Gonçalves (Pedro Leopoldo) e Sebastião Navarro (Poços de Caldas). Na relação aparecem os deputados federais Romel Anizio Jorge (PP), que teria recebido R$ 100 mil; e Custódio de Mattos (PSDB), que teria ganhado R$ 20 mil. Custódio disse ontem que recebeu o dinheiro mas que seu "entendimento foi todo com a coordenação da campanha de Azeredo". Também aparece na lista Paulo Abi-Ackel, filho do relator da CPI do mensalão, deputado Hibrain Abi-Ackel. Ele recebeu R$ 50 mil. Antônio Marum, assessor da ex-senadora Júnia Marise, recebeu R$ 125 mil. Em 1998, Júnia foi candidata à reeleição pelo PDT em substituição ao candidato da coligação ao Senado Hélio Garcia (PTB), que desistiu da candidatura. Dois atuais conselheiros do Tribunal de Contas de Minas Gerais, que na época disputavam vaga na Assembléia Legislativa, Elmo Braz e Wanderlei Ávila, também receberam dinheiro da SMP&B, segundo os documentos.

Leia matéria completa no "O Globo"

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