O juiz Sergio Moro determinou que a Polícia Federal abra um inquérito para apurar a compra de um automóvel da marca Land Rover pelo ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Existe a suspeita de que o lobista Fernando Soares tenha intermediado a negociação e que o carro tenha sido adquirido como pagamento de propina.
Em despacho desta terça-feira (24), Moro escreveu que o fato de a compra de R$ 220 mil ter sido feita com pagamento em espécie “gera fundada suspeita de que o objetivo seria dificultar o rastreamento da origem do dinheiro, a real titularidade dos recursos e acobertar pagamento de propina ou lavagem de dinheiro”.
O carro, um modelo Evoque, foi adquirido em 2012 pela mulher de Cerveró, Patrícia. A empresa que vendeu o carro afirma que Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, fez todo o contato para a compra do veículo. Um endereço de e-mail dele aparece na proposta de aquisição.
Fernando Baiano e Cerveró já são réus em duas ações que tramitam na Justiça Federal no Paraná. O ex-diretor da área Internacional da Petrobras é acusado de receber propina para favorecer a empresa Samsung Heavy Industries no fornecimento de navios-sonda. O lobista foi apontado na denúncia como intermediador dos pagamentos. Os dois estão presos e negam as acusações.
Nenhum dos dois mencionou a compra do carro em depoimentos. O prazo para a investigação dado pelo juiz federal é de 30 dias.
Procurada, a defesa de Fernando Baiano disse que ele apenas indiciou a concessionária para o ex-diretor. “O Ministério Público até agora não conseguiu estabelecer vínculos dele com Cerveró”, disse o advogado David de Azevedo.
A defesa do ex-diretor também diz que houve somente uma indicação de concessionária e que a compra “não foi feita por terceiros”. Afirma ainda que não há até o momento provas contra Cerveró no processo.
Nesta quinta-feira (25), Sergio Moro expediu uma nova decisão determinando a prisão preventiva de Fernando Baiano.
No despacho, ele afirma que ainda não se descobriu onde estão recursos provenientes de desvios envolvendo o lobista e Cerveró e que, caso eles fiquem em liberdade, as chances de recuperação do dinheiro “se tornarão cada vez mais remotas”.
Apenas no caso que envolve que uma das ações penais, escreveu o magistrado, o “produto dos crimes” é de US$ 40 milhões.