Em documento encaminhado à Justiça Federal na noite desta segunda (27), os advogados do presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, não ofereceram explicações sobre conteúdo da maior parte das anotações apreendidas no telefone celular] do empresário e culpou o juiz Sergio Moro por fazer “ouvidos de mercador” [se fazer de surdo] aos argumentos da defesa.
Para PF, celular mostra relação de empreiteiro com políticos
Temer, Alckmin, Lula, Cunha e Mantega são algumas das autoridades com quem Marcelo Odebrecht manteria contato
Leia a matéria completaNa semana passada, Moro intimou a defesa a explicar as expressões “trabalhar para para/anular (dissidentes PF...)”, uma suposta alusão ao uso de policiais para tumultuar as investigações, “higienizar apetrechos MF e RA”, referência do empresário a dois executivos do grupo sob investigação e que sugeriria, segundo o juiz a destruição de provas.
Os advogados dizem que o juiz não esperou os esclarecimentos da defesa para declarar nova prisão preventiva de Odebrecht com base nas anotações.
“Escancarado, desse modo, que a busca da verdade a busca da verdade não era nem de longe a finalidade da intimação, a defesa não tem motivos para esclarecer palavras cujo pretenso sentido Vossa Excelência já arbitrou. Inútil falar para quem parece só fazer ouvidos de mercador”, afirma o documento assinado pelos advogados Dora Cavalcanti, Augusto Arruda Botelho e Rafael Tucherman.
A defesa também acusou Ministério Público Federal de perseguir Marcelo Odebrecht e a Polícia Federal de adotar a tática de “atirar primeiro e perguntar depois”.
Segundo os advogados, a PF deveria ter pedido informações sobre o significado das anotações ao executivo em vez de ter “cravado significados que gostaria que certos termos e siglas tivessem”.
Nas anotações do celular, a análise da PF relacionou as iniciais LJ à “Lava Jato” e a expressão “ações B” a um plano para tentar atrapalhar as investigações.
Conforme a petição apresentada pela defesa, “ações B” referem-se à auditoria interna da Braskem (petroquímica do grupo Odebrecht) noticiadas pelo colunista Lauro Jardim, o “LJ”. “O peticionário deplora, isso sim, o rematado absurdo de se considerar anotações pessoais a si mesmo dirigidas, meras manifestações unilaterais de seu pensamento, como atos efetivamente executados ou ordens de fato passadas”, afirma a defesa.
Nas anotações também surgiram “Vazar doação campanha. Nova nota minha midia? GA, FP, AM, MT, Lula? ECunha?” –o que, para o juiz Sergio Moro, poderia ser uma tentativa de constranger beneficiários de doações eleitorais.
Seriam, segundo a PF, referências aos governadores Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Fernando Pimentel (PT-MG), ao vice-presidente Michel Temer (PMDB), ao ex-presidente Lula e ao deputado Eduardo Cunha. Este conjunto de anotações não foi explicado pelos advogados de Marcelo Odebrecht.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Briga com Congresso por verbas do Orçamento revela governo sem margem de manobra
Saiba como votou cada deputado na regulamentação da reforma tributária
Tarcísio anuncia advogado filiado ao PT como novo ouvidor da Segurança Pública em São Paulo