Os brasileiros começam a acompanhar nesta segunda-feira a um dos julgamentos mais esperados dos últimos tempos no país. Suzane von Richthofen e os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos de Paula e Silva sentam no banco dos réus, quase quatro anos depois do assassinato dos pais da jovem, Marísia e Manfred von Richthofen, em 2002. O trio é acusado de duplo homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, por impossibilidade de defesa das vítimas e por meio cruel.

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De acordo com a promotoria, foi Suzane quem planejou o assassinato e convenceu Daniel, seu namorado na época, a executá-lo juntamente com Cristian. A defesa de Suzane tentará convencer o júri do contrário. Daniel e Cristian, interessados no dinheiro dos Richthofen, planejaram o crime. Segundo o advogado dela, Mauro Nacif, Suzane era uma "escrava psíquica" de Daniel, e acabou sendo coagida a cumprir as ordens do namorado.

Defesa

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Às vésperas do júri, a defesa de Suzane tenta melhorar a imagem da jovem para a opinião pública e os jurados. Os advogados disseram que ela está disposta a abrir mão do patrimônio deixado pelos pais - estimado em R$ 2 milhões - em favor do irmão. Isso se Andreas retirar a 'ação de indignidade' que move contra a irmã para excluí-la da herança. Suzane diz que só quer administrar os bens deixados pelos pais porque Andreas não tem tempo. No início do ano, ela tentou na Justiça destituir Andreas de ser o inventariante dos bens, mas não conseguiu.

Os advogados de Suzane usarão a tese de que houve uma coação moral irresistível (o domínio psíquico de Suzane por Daniel), e inexigibilidade de conduta diversa (Daniel colocou como opção para Suzane ou ele ou a família). O advogado questiona: se Suzane não tivesse conhecido o namorado, os pais dela teriam sido assassinados? Ele mesmo responde: jamais.

A favor dela o advogado diz que tem todas as declarações e cartas que foram escritas a Daniel, afirmando que 'não vivia sem ele', por exemplo. Nacif afirma que prefere um júri formado por mulheres. - Mulheres entendem de amor e de virgindade. Suzane perdeu a virgindade com ele, aos 16 anos. Mesmo apaixonados, os homens têm um limite. As mulheres, não - afirma.

Com base em teses controversas, que já incluíram influência de espíritos e até uma possível cumplicidade no crime do pai de Cristian e Daniel, Astrogildo Cravinhos, a defesa de Suzane vai pedir a sua absolvição. Mais realista, a defesa dos irmãos não acredita em absolvição e tenta reduzir ao máximo a pena a ser aplicada. Eles tentarão mostrar que foi Suzane quem planejou toda a ação. A promotoria deve pedir, para cada réu, 30 anos de prisão por morte.

Mauro Nacif ainda deve tentar um último recurso que é a separação do júri. Ele prefere que ela tenha um julgamento separado dos irmãos Cravinhos. Segundo o advogado argumenta, com a separação, ele ganharia mais meia hora para apresentar a tese de defesa.

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Como Cristian e Daniel estão mais tempo presos, a lei determina que sejam julgados antes. A separação do júri só será decidida durante a sessão.

O Julgamento

O grande interesse da população pelo caso é representado pelo número de pessoas que se inscreveu para assistir ao julgamento. Foram mais de 5 mil candidatos para 80 lugares disponíveis. Os sorteados assistiriam ao julgamento, no último dia 5 de junho, data inicialmente determinada pela Justiça. Mas manobras jurídicas dos advogados de defesa dos réus impediram que o júri acontecesse. O advogado dos irmãos Cravinhos, Geraldo Jabur, faltou à sessão. Ele alegou cerceamento de defesa dos réus, porque tentou e não conseguiu ver seus clientes enquanto eles estavam presos em Itirapina, no interior do estado. Suzane também não foi julgada porque os advogados dela abandonaram o plenário. Eles pediam o adiamento da sessão, porque queriam esperar uma das testemunhas, que estava no exterior.

Na época, Suzane contava com o benefício da prisão domiciliar e aguardava uma decisão do Superior Tribunal de Justiça para que ela esperasse o julgamento em liberdade.

O benefício foi cassado do dia 29 de junho e, se a decisão não for revogada pelo Supremo Tribunal Federal, os advogados dela passam a ter interesse em fazer o julgamento o quanto antes. Desta vez, eles garantem que vão comparecer ao fórum.

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