Sérgio Moro: denúncia é aceita e acusados viram réus| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Sob suspeita

Mais seis empresas serão investigadas pela Polícia Federal

Agência O  Globo

Pelo menos outras seis empresas deverão ser investigadas por terem se associado ao cartel de empreiteiras montado para desviar recursos da Petrobras e impedir a concorrência, rateando as obras entre as companhias do grupo. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), as empresas Alusa, Fidens, Jaraguá, Tomé Engenharia, Construcap e Carioca Engenharia participaram do "clube de empreiteiras". O núcleo principal do cartel era formado, segundo o MPF, por Galvão Engenharia, Odebrecht, UTC, Carmargo Corrêa, Techint, Andrade Gutierrez, Mendes Junior, Promon, MPE Equipamentos, Setal, Shanska, Queiroz Galvão, Iesa, Engevix, GDK e OAS.

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A Justiça Federal do Paraná recebeu ontem a primeira das cinco denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude em licitações envolvendo obras da Petrobras investigadas na operação Lava Jato. O juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal Criminal em Curitiba, aceitou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) apresentada no dia anterior envolvendo a estatal e a empresa Engevix.

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Com a decisão passam a ser réus o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef, e o vice-presidente da Engevix, Gerson de Mello Almada, além de outras seis pessoas envolvidas no esquema: os executivos Carlos Eduardo Strauch Albero, Newton Prado Junior e Luiz Roberto Pereira, além de Waldomiro de Oliveira, Enivaldo Quadrado e Carlos Alberto Pereira da Costa, ligados a Youssef.

Segundo o MPF, a Engevix teria desviado quase R$ 159 milhões em contratos com a Petrobras, referentesa obras como as da refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e Abreu e Lima, em Pernambuco. O valor corresponde a 3% do valor total dos contratos. Essa seria a propina para que a empresa vencesse a licitação.

Do total, cerca de 1% — ou seja, R$ 53 milhões — iria diretamente para a diretoria de Abastecimento e para Paulo Roberto Costa. Os recursos, segundo as investigações, seriam fatiados e distribuídos entre funcionários da estatal, operadores e políticos ligados ao PP. Costa chegou ao cargo de direção por indicação do partido. Os desvios eram feitos por meio de contratos fictícios com empresas controladas por Youssef e com uma consultoria de Paulo Roberto.

Almada, citado como "principal responsável pelo esquema criminoso" dentro da Engevix, está preso em Curitiba desde novembro, na segunda fase da operação Lava Jato, voltada às empreiteiras. Na sala dele foram encontrados documentos que detalham o "clube" das empreiteiras e ajustes para frustrar licitações da Petrobras.

Os outros funcionários da empresa assinaram contratos fraudulentos ou foram identificados em troca de mensagens com o grupo de Youssef. Os quatro responderão por corrupção ativa e pagamento de propina.

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Youssef e Costa responderão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os outros operadores — Carlos Alberto Pereira da Costa, Waldomiro de Oliveira e Enivaldo Quadrado — foram imputados por crime de lavagem de dinheiro.

Na Repar, a Engevix fechou um contrato de R$ 264 milhões por meio do consórcio com a empresa Skanka. Seguindo a lógica, o repasse a Costa apenas pela obra paranaense seria de R$ 2,6 milhões.

A Engevix afirmou, por meio dos seus advogados, que prestará os esclarecimentos necessários à justiça. Os advogados de Youssef, Costa e os demais não foram localizados ontem.