A Justiça Federal decretou novamente a prisão preventiva do doleiro Alberto Youssef, desta vez por causa do Caso Banestado, ocorrido no fim dos anos 1990. Com essa decisão, ele fica na prisão mesmo que o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), reconsidere sua prisão preventiva pela Operação Lava Jato.

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Alvo da operação, Youssef está preso desde 17 de março na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba, e sua defesa buscava a anulação do mandado de prisão com base em decisão do ministro, dada na segunda-feira (19).

O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF), e acatado pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. A defesa considerou a medida uma "retaliação" e uma "demonstração de parcialidade" por parte do juiz, e deve pedir habeas corpus ao Tribunal Federal da 4ª Região (TRF4).

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Youssef teria movimentado de forma irregular, entre 1998 e 1999, R$ 346 milhões através de 43 contas bancárias do Banestado em nomes de laranjas. Esse dinheiro era usado em transferências fraudulentas para o exterior. O doleiro foi acusado, também, de subornar um gerente da agência do banco em Londrina. Ele confessou a autoria dos crimes e foi condenado pelo caso, mas assinou acordo de delação premiada para suspender outros processos que corriam contra ele e ser libertado da prisão.

Através de sua assessoria de imprensa, o MPF comunicou que, em seu entendimento, Youssef quebrou uma cláusula do acordo. Uma das exigências para que ele recebesse o benefício seria não cometer mais delitos. Apesar de o processo contra o doleiro estar suspenso (ou seja, não há uma condenação oriunda da Operação Lava Jato), por ter oferecido a denúncia, o MPF considera que ele cometeu novos crimes e que, portanto, quebrou o acordo. Logo, os processos devem ser reabertos. O órgão disse ainda estar estudando quais processos podem voltar a tramitar e se algum deles já prescreveu.

Advogado de Youssef, Antônio Figueiredo Basto considera o decreto de Moro como uma forma de retaliação a seu cliente. De acordo com ele, a quebra de acordo partiu da Justiça e foi unilateral, apenas para prejudicar Youssef. "Isso significa uma retaliação ao Alberto. Estamos falando de fatos de 1998, 1999, que não têm qualquer relação com a Lava Jato. Ele previu o fim da operação e já decretou a prisão", afirma. Ele deve ingressar com um habeas corpus junto ao TRF4.

Basto diz ter alertado Zavascki na segunda-feira de que isso poderia acontecer. "Informei que o Moro era um juiz parcial e que se a decisão [de soltar os presos da Lava Jato] fosse mantida, o MPF iria fazer o pedido e ele ia conceder. Não sou vidente, nem tenho informação privilegiada", disse. Ele diz, ainda, que em seu despacho Moro condena seu cliente antes mesmo da apresentação da ação – o que seria absolutamente irregular.

Através de sua assessoria, o MPF disse que os órgãos são independentes e negou qualquer tipo de articulação com a Justiça para prejudicar Youssef.

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Lava Jato

Na última segunda-feira (19), Zavascki determinou que todos os 12 presos da Operação Lava Jato fossem soltos, após pedido da defesa do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Ele determinou, também, a suspensão das investigações e que todos as ações fossem enviadas ao STF.

Responsável pelas prisões, Moro deu alvará de soltura a Costa, mas questionou a liberação dos outros 11, incluindo Youssef, alegando que alguns estariam envolvidos com o tráfico de drogas e outros poderiam fugir. Na terça-feira (20), Zavascki reconsiderou sua decisão e manteve os réus presos. A defesa de Youssef buscava reverter a decisão.

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