A campanha da Prefeitura Municipal de Curitiba para chamar a atenção para os direitos da pessoa com deficiência gerou polêmica não só nas redes sociais, mas entre as entidades que representam deficientes e a sociedade civil. Na segunda-feira (30/11), a cidade amanheceu com um outdoor que pedia o fim de privilégios para pessoas com deficiência. Na terça, a prefeitura assumiu que se tratava de uma campanha e o outdoor foi coberto com a frase: “se tantos se revoltaram, porque tantos ainda desrespeitam?”.
Outdoor contra direitos dos deficientes é mais uma criação da ‘prefs’
Leia a matéria completaA presidente da Comissão de Acessibilidade da OAB/PR, Berenice Reis Lessa chamou de ‘infeliz’ a campanha da prefeitura e afirmou que a campanha não cumpriu o seu propósito de informar sobre os direitos da pessoa com deficiência. “ Estamos perdendo tempo justificando uma ação negativa enquanto deveríamos estar falando de direitos conquistados”, disse. De acordo com Berenice, a OAB vai pedir esclarecimentos à prefeitura antes de tomar qualquer medida legal. “Precisamos de dados concretos para então saber que atitudes vamos tomar do ponto de vista jurídico”, afirmou.
O revisor Jacob Galon tem autismo e é membro da União de Pais Pelo Autismo (UPPA). Jacob disso que se sentiu incomodado pela forma como a campanha começou. “Quando começou, percebemos que havia muita gente que pensa que são privilégios e não direitos. Tanto que a página no Facebook teve mais de mil curtidas em um dia só”, comentou. Para o revisor, as pessoas podem acabar não tendo acesso ao segundo momento da campanha – o de questionar estas atitudes. “A pessoa pode não ter acesso à retratação ou não se interessar em saber o real motivo da campanha e isso é problemático”, disse. “ Só espero que possamos transformar isso em algo bom”, concluiu.
Conselho Municipal já tinha conhecimento
Para Maíra de Oliveira, diretora geral da Associação Franciscana de Educação ao Cidadão Especial (AFECE), uma ONG que atua na educação de crianças especiais, a campanha foi chocante mas causou uma discussão importante. De acordo com a diretora, os membros do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência tiveram conhecimento da campanha antes mesmo de ela acontecer. “Sabíamos do risco que ela trazia. Mas, ainda que tenha incitado o discurso de ódio em algumas pessoas, descobrimos que tem mais gente que defende a causa”, explicou.
A reportagem procurou uma série de entidades para comentar a ação, mas, diante da polêmica, muitas delas preferiram não se manifestar publicamente sobre a campanha.
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