Com exposições acaloradas de argumentos, que fizeram a plateia reagir do início ao fim das discussões, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) participaram do debate "Cotas Raciais ou Sociais", no último dia da XXI Conferência Nacional dos Advogados do Brasil, em Curitiba, na manhã desta quinta-feira (24).

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>> VÍDEO: assista à entrevista com Márcio Thomaz Bastos e Demóstenes Torres

O atraso para o início do debate, previsto para as 9h e iniciado às 10h, fez com que o Grande Auditório do Teatro Positivo ficasse praticamente lotado.

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Primeiro a falar, o senador Demóstenes Torres defendeu a criação de cotas sociais no lugar das raciais, pois "não existe raça branca ou negra. Só existe a raça humana". Outro ponto defendido pelo senador foi em relação à possibilidade de que todos os pobres, independente da cor, possam ascender socialmente.

Na opinião de Demóstenes, a criação de cotas raciais criaria conflitos étnicos no Brasil, que não possui como característica o preconceito contra pessoas por causa da cor de pele. "Nós não podemos escancarar as cotas para a abertura da possibilidade de ódio racial no Brasil. Nós não temos ódio racial no Brasil", disse, aplaudido.

Reparação histórica

Ao contrário do senador do Democratas, o ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos acredita que não se pode falar em raça no sentido biológico, mas antropológico, no qual os negros são os menos favorecidos no país. Ele menciona uma exclusão histórica dos negros no acesso aos direitos fundamentais, principalmente à educação universitária. "Por isso que esta plateia possui meia dúzia de negros" disse a respeito dos presentes no auditório, ao citar que apenas 0,9% dos magistrados brasileiros são negros. A plateia, mais uma vez, aplaudiu.

O ex-ministro citou alguns dados para fundamentar a necessidade de cotas raciais para a melhoria da condição social dos negros. Ele disse que o salário dos brancos é 40% maior do que negros, que seriam mais de 73% dos mais pobres e apenas 12% dos ricos. As mulheres negras são, segundo ele, 53% da população feminina, mas mais de 60% delas são empregadas domésticas.

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Bastos diz que os argumentos de Demóstenes, de que haverá conflitos raciais no Brasil, é "desprovido de lógica". "É preciso justiça distributiva. É preciso, através da ação afirmativa, conceder vantagens a esses segregados", afirma o ex-ministro sobre os negros.

Demóstenes rebateu a crítica sobre seus argumentos. Ele disse que o brasileiro nunca foi separado por causa da cor de pele e destacou a miscigenação da população. "Não existe identidade negra ou branca. Existe identidade brasileira. Não existem culturas paralelas, existem influências significativas das comunidades negras, brancas, europeia, africana e japonesa".

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Conferência OAB | 1:48

No último dia da XXI Conferência Nacional dos Advogados do Brasil, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e o senador Demóstenes Torres mostraram seus pontos de vista sobre as cotas raciais e sociais.