O Brasil começou o século 21 tentando mudar a cultura de que em “briga de marido e mulher ninguém mete a colher” e que “roupa suja só se lava em casa”. Os ditados que soavam como gracejo traziam consigo a mensagem de que, se havia violência atrás da porta, isso não dizia respeito a ninguém fora da família. Em 2006, a Lei Maria da Penha se tornou um marco ao prever penalização mais severa para violência doméstica.

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Mas a norma não trata só de chorar o leite derramado, traz também alternativas para prevenção e para que os agressores passem por medidas educativas, de preferência, antes que o pior aconteça.

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Todo esse avanço merece reconhecimento, a indicação legislativa sobre como proceder é um passo. Mas as políticas públicas ainda são débeis para se dizer que existe efetivamente prevenção. Além da cultura machista a ser vencida, é preciso encontrar um equilíbrio em um país em que a prisão parece ser a solução para tudo. Se por um lado não podemos tratar a violência doméstica como amenidade, com penas pífias. Por outro, não podemos acreditar que apenas prisões dos agressores vão resolver o problema.

A reportagem de capa desta edição traz um panorama sobre a Lei Maria da Penha em quase uma década de existência. Se ainda há no noticiário histórias de mulheres violentadas brutalmente por seus parceiros – sem contar as histórias que não saem de quatro paredes – há muito a ser feito. É preciso sim meter a colher, sempre que houver suspeita de agressão. É preciso que a roupa suja seja lavada não só em casa, nem só com delegados, mas com psicólogos e assistentes sociais e uma rede de apoio que atenda a todos os envolvidos. É preciso debater nas escolas e nos jornais e reconhecer que a violência doméstica é um problema de toda a sociedade.

Boa leitura!