O juiz Luiz Carlos Boer está impedido, por decisão judicial, inclusive de entrar no Fórum de Porecatu.| Foto: Google Maps/

O juiz Luiz Carlos Boer, de Porecatu, no Norte do Paraná, foi afastado das funções por determinação judicial na sexta-feira (7). A decisão do juiz Márcio Trindade Dantas atende a pedido feito pelo Ministério Público, que investiga as relações de Boer com beneficiários de sentenças. O inquérito é baseado no depoimento de várias testemunhas, que alegam saber de trocas de favores e de ordens de Boer para agilizar processos de pessoas próximas a ele. Também o patrimônio supostamente incompatível com a renda do juiz está sendo analisado.

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Para o Ministério Público, Boer agia em parceria um advogado de Porecatu. Ao menos 15 sentenças relacionadas a processos bancários teriam tramitado muito mais rapidamente do que o usual. Também os honorários advocatícios eram fixados em valores acima do normal em casos de pessoas próximas a Boer. Além disso, testemunhas disseram durante a investigação que funcionários de uma empresa local foram cedidos para fazer obras na casa do juiz responsável por analisar processos da mesma empresa.

Segundo o promotor Renato de Lima Castro, Boer tem ao menos 12 imóveis em uma cidade vizinha a Porecatu, além de propriedades em outros municípios e estados. A decisão judicial que afastou temporariamente Boer do cargo o impede, inclusive, de entrar no Fórum de Porecatu e de ter contato com qualquer um dos citados no processo. A Corregedoria do Tribunal de Justiça do Paraná informou que irá acompanhar a investigação.

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A Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar) informou que uma nota será emitida em breve. O presidente Frederico Mendes Júnior disse, em entrevista, que a entidade espera que os fatos sejam apurados, assegurado o contraditório e o direito de defesa. Ele também espera ver garantida, sem quaisquer pressões, a independência para que o magistrado que determinou o afastamento do colega possa atuar livremente no processo.

A Gazeta do Povo procurou contato com Boer, mas não conseguiu. Através da Amapar, ele disse que estava no exterior, que voltaria ao Brasil somente na quarta-feira e que poderia falar sobre o caso somente depois que tivesse acesso aos detalhes do processo. O espaço fica à disposição para que ele se manifeste.