A Justiça negou o bloqueio das contas da Bancoop - a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo - e a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-presidente da cooperativa e atual tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Nenhum dos pedidos do Ministério Público foi acatado. O promotor que investiga a denúncia de desvio milionário da Bancoop, José Carlos Blat, queria o congelamento das contas da cooperativa, mas não conseguiu.
Solicitou também a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-presidente do Sindicato dos Bancários e atual tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Neste caso, o juiz pediu mais informações.
A investigação, que começou em 2007, apura o suposto desvio de mais de R$ 100 milhões. Segundo o promotor, o dinheiro saiu dos cofres da Bancoop para contas de diretores da cooperativa e para financiar campanhas do Partido dos Trabalhadores.
O depoimento do técnico em edificações Hélio Malheiro, que faz parte do inquérito, é considerado fundamental. Ele é irmão de Luís Eduardo Malheiro, ex-presidente da Bancoop morto em um acidente em 2004.
Hélio contou que o irmão, como presidente da Bancoop, muitas vezes se via obrigado a entregar grandes somas de dinheiro para campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores, desviando recursos das construções dos apartamentos e que isso tinha gerado prejuízos financeiros para a Bancoop.
Hélio Malheiro afirma também que João Vaccari Neto, não só sabia do esquema criminoso como fazia parte.
Denúncia em dois meses
Depois de três anos de investigação, o Ministério Público deve apresentar a denúncia daqui a dois meses. Tanto o promotor responsável pelo caso, quanto o advogado de João Vaccari Neto, Luiz Flávio D´Urso, disseram que estão tranquilos em relação ao futuro deste inquérito.
Para o Ministério Público, a decisão desta quinta-feira (11) não prejudica o inquérito. O promotor afirma já ter provas suficientes para denunciar os diretores da Bancoop.
"Vamos dar oportunidade para que os diretores se manifestem na fase policial e na sequência nós formularemos a denúncia na Justiça", explica o promotor.
O advogado de João Vaccari Neto diz que não existem argumentos para a quebra dos sigilos, mas que não teme a medida se o pedido do promotor for acatado no futuro.
"Se isto ocorrer nada vai revelar de anormal pela conduta que teve o Vaccari durante todo o período que esteve a frente da cooperativa no sentido de atender o interesse dos cooperados", afirma D´Urso.
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