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Depois de ser notícia no escândalo do mensalão do DEM de Brasília, a tradicional receita italiana do panetone aparece no centro de um curioso caso de arrombamento na capital do país. Na madrugada de quarta (23) para quinta-feira (24), por volta das 5h, ladrões arrombaram uma das janelas do restaurante Piantella, famoso ponto de encontro de políticos em Brasília. Em meio a vinhos, uísques e garrafas de champagne finos, os criminosos preferiram consumir panetones e beber vinhos avaliados em R$ 100.

No dia 27 de novembro a Polícia Federal deflagrou a Operaçao Caixa de Pandora, desmantelando um suposto esquema de distribuição de propina a deputados distritais, empresários e integrantes do governo do Distrito Federal, que ainda envolveria, além do governador José Roberto Arruda (sem partido-ex-DEM), o vice-governador, Paulo Octávio (DEM).

No dia seguinte à operação da PF, um dos advogados do governador Arruda justificou as imagens em que ele recebia um pacote de dinheiro dizendo que a quantia seria utilizada na compra de panetones para famílias carentes. Desde então, sucessivas manifestaçoes pedindo a saída de Arruda do governo aconteceram na capital. A maioria fazia referência ao caso dos panetones.

Arrombamento

Segundo o chef e um dos donos do Piantella, Marco Aurélio Costa, os arrombadores degustaram três panetones que faziam parte das cestas de Natal comercializadas pelo restaurante e fugiram levando unidades da receita feita à base de frutas cristalizadas, uvas passas, entre outros ingredientes. "Foi um prejuízo de R$ 1,6 mil. Não eram ladrões profissionais, porque, se fossem, teriam levado outros produtos de valor como uísques e outras bebidas caras", diz Marco Aurélio.

O proprietário conta que nem chegou a registrar a ocorrência e diz não acreditar que o ato, voltado para o estoque de panetones da casa, tenha ligação com as manifestações contra Arruda. "Era fome mesmo", avalia Marco Aurélio.

Fundado durante o regime militar, em 1976, o Piantella coleciona clientes ilustres na cena política brasileira. O principal deles foi o deputado Ulysses Guimarães, morto em 1992, que transformou as mesas da casa numa espécie de extensão de seu gabinete.

Nas mesas do restaurante, os principais acordos políticos foram concretizados. Das articulações entre Ulysses e Tancredo Neves para o movimento das Diretas Já, às negociações pelo nome de José Sarney para candidato a vice-presidente na chapa de Tancredo e à indicação de Marco Maciel a vice de Fernando Henrique Cardoso.

Nos tempos atuais, ele continua sendo procurado por governadores, parlamentares e dirigentes partidáros para articulações políticas regadas a vinho ou uísque.

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